Quinta-feira, 13 de março de 2025
Por Redação O Sul | 23 de maio de 2023
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) afirmou que já tinha conhecimento da ligação telefônica em que se baseou a decisão de afastar, na segunda-feira (22), o juiz Eduardo Appio, que assumiu a Operação Lava-Jato em fevereiro de 2023. A afirmação foi feita nessa terça (23), em entrevista ao Estúdio i, da Globonews.
Eduardo Appio, que se tornou titular da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba em fevereiro, foi afastado do cargo pelo Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre. A decisão atende a uma representação do desembargador federal Marcelo Malucelli, que afirmou que o filho dele, João Eduardo Barreto Malucelli, recebeu uma ligação telefônica com “ameaças” em abril. João Malucelli é namorado da filha de Moro.
“Eu fiquei a par dessa ligação quando ela foi feita, à época, porque eu tenho uma ligação [com João Malucelli], nunca escondemos isso”, disse.
Ao comentar o afastamento cautelar de Appio, Moro disse que que o juiz “meteu os pés pelas mãos”.
Moro também sugeriu que Appio seria “desequilibrado emocionalmente”: ” Como vão deixar um juiz desequilibrado emocionalmente para conduzir os trabalhos daquela jurisdição? […] Não pode um juiz ligar para um filho de desembargador e ameaçar. Um juiz não pode ameaçar ninguém. Vamos passar pano para isso? Tem coisas gravíssimas”, disse.
O senador declarou ainda que o juiz seria revanchista: “Fica essa história, essa ladainha, essa mentira reiterada, sem ter qualquer prova. Isso é pauta desse governo. Isso é pauta desse governo criando esse clima de revanchismo em relação a Temer, Bolsonaro, Lava Jato e todas as reformas que foram feitas”, afirmou Moro.
A decisão do TRF-4 diz que Appio terá que ser afastado e ter eletrônicos utilizados no trabalho, incluindo notebook, desktop e celular funcional, apreendidos e encaminhados para perícia. Ele é alvo de procedimento que investiga telefonema suspeito que serviria para intimidar um desembargador envolvido no julgamento de outro processo disciplinar contra Appio.
Eduardo Appio terá um prazo de 15 dias para apresentar “defesa prévia”, contados partir “da ciência desta decisão”, diz a Certidão de Julgamento, divulgada pelo tribunal.
Supremo
Na entrevista, o senador também comentou a possível indicação do advogado Cristiano Zanin por Lula ao Supremo Tribunal Federal. Ele disse que é cedo para “antecipar” o debate, mas que a Suprema Corte não pode se tornar um “puxadinho” do Executivo.
“Nós temos que esperar a indicação. Uma hora eu ouço algo, depois outra hora já não é mais favorito. É antecipar um pouco o debate antes de ter a indicação. De todo modo, o que eu tenho defendido é que se faça uma sabatina rigorosa. O que nós temos que avaliar é o grau de independência. O Supremo não pode ser um puxadinho do Executivo.”