Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2022
O ex-juiz Sérgio Moro gravou um vídeo com uma defesa enfática da Lava-Jato, operação que ele conduziu por cerca de quatro anos. Na gravação, Moro diz que há um movimento de poderosos para “destruir de vez” a operação e diz que a investigação levou, pela primeira vez na história, um ex-presidente da República e um ex-presidente da Câmara dos Deputados para atrás das grades.
“O crime nunca desiste. E, agora, tem um movimento de algumas pessoas poderosas, incluindo alguns ministros do Supremo, para desacreditar e destruir de vez a Java-Jato. Querem anular condenações baseadas em fatos e provas concretas, como por exemplo, pagamento de propinas e subornos. Aliás, já começaram a fazer isso”, afirma Moro no vídeo.
A gravação foi divulgada poucos dias depois de o Comitê de Direitos Humanos da ONU concluir que Moro foi parcial no julgamento de Lula e que o petista teve violados seus direitos políticos e a garantia a um julgamento imparcial.
No vídeo, que Moro diz ser um dos mais importantes que já fez sobre a Lava-Jato, o ex-juiz afirma que “tem até condenado empolgado com a possibilidade de receber de volta todos os valores que teve que restituir aos cofres públicos”. Moro não cita exemplos. A coluna já informou, porém, que o STF liberou cerca de R$ 50 milhões de uma conta ligada ao empreiteiro Marcelo Odebrecht.
O ex-juiz também exalto feitos da operação e cita que R$ 6 bilhões que haviam sido desviados da Petrobras foram recuperados. “Provas inquestionáveis foram reunidas. Muitos envolvidos confessaram os crimes e foram punidos. Os brasileiros viram, pela primeira vez na história, políticos e poderosos pararem atrás das grades, inclusive um ex-presidente ate da República e um ex-presidente da Câmara”, afirmou, sem citar nominalmente Lula e o ex-deputado Eduardo Cunha.
Moro termina o vídeo convocando as pessoas a se mobilizarem em apoio à operação tanto nas ruas quanto nas redes sociais. “Assistir calado as anulações dos processos da Lava-Jato é aceitar que o crime compensa”, diz Moro ao apontar que o dinheiro desviado poderia ser usado na saúde e segurança pública.
No ano passado o STF concluiu em julgamento que Moro foi parcial na condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá. A guinada nas condenações do ex-presidente começou em março de 2021, após o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, entender que a 13ª Vara Federal, em Curitiba, não tinha competência para julgar os processos do ex-presidente. As informações são do jornal O Globo.