Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2018
O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, escolheu um militar para comandar a Secretaria Nacional de Segurança Pública, estrutura responsável pela interlocução com governos estaduais e a definição das políticas de segurança e combate à violência no País. O nome escolhido por Moro é o do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, segundo disse um importante interlocutor do futuro ministro. Secretário de Segurança na primeira fase do governo Temer, Santos Cruz teve o papel de oferecer o suporte federal à intervenção federal no Rio.
Santos Cruz tem larga experiência internacional. No currículo do general estão o comando das missões paz da ONU no Haiti (2007 a 2009) e na República Democrática do Congo (2013 a 2015). Com o trabalho, o general obteve reconhecimento dentro e fora das Forças Armadas e acabou sendo chamado para chefiar a Secretaria de Segurança Pública entre abril de 2017 e junho deste ano. Depois de deixar o cargo, foi chamado para ser consultor da ONU (Organização das Nações Unidas). Atualmente, o general já está na equipe de Moro para a transição de governo.
Procurado pela reportagem, Santos Cruz não quis fazer comentários sobre a indicação dele para o comando da Segurança Pública. O general disse que o foco agora são os estudos para a reestruturação do Ministério da Justiça, que vai reincorporar as funções do Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Santos Cruz está na equipe de transição de Moro cuidando do assunto desde a semana passada.
“Depende ainda de confirmação (a indicação para a Secretaria de Segurança). Estamos ainda na fase de estruturação do ministério”, disse o general. Numa entrevista em março deste ano, Santos Cruz foi perguntado sobre a origem do descalabro da segurança pública no Rio e associou o descontrole do setor aos desvios de dinheiro público e à falta de autoridade dos homens públicos.
“Autoridades que eram para conduzir a sociedade se envolveram em nível de corrupção inimaginável. Um crime organizado no mais alto nível da administração do Estado. Isso daí é uma falta de exemplo total. Você já tem os problemas normais, e ainda tem as pessoas responsáveis pela administração cometendo crimes para roubar dinheiro do Estado”, afirmou o general na ocasião.
Para o militar, o caminho da paz passa pela reconstrução dos princípios de autoridade e respeito. “O princípio da autoridade acabou. Tem que restaurar o princípio da autoridade, o princípio do respeito que se perdeu por causa desses maus exemplos”, disse o futuro secretário.