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Juiz da Operação Lava-Jato envia relato contra Sérgio Moro ao Supremo

Em depoimento, advogado Rodrigo Tacla Duran implica ex-juiz e hoje senador em caso de extorsão. (Foto: Divulgação/Senado Federal)

O juiz da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, Eduardo Appio, encaminhou ontem para o Supremo Tribunal Federal (STF) uma acusação contra o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava-Jato e ex-ministro da Justiça. O pivô do envio do caso à Corte foi Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht e apontado pela extinta força-tarefa como operador financeiro da construtora em esquemas de corrupção.

Tacla Duran, que está na Espanha e fora colocado na lista de foragidos da Interpol no auge da investigação, agora está no programa de proteção a testemunhas do Brasil. Moro expediu um mandado de prisão contra ele, que foi ouvido pela primeira vez ontem, em audiência por videoconferência.

O advogado voltou a antagonizar com Moro, a quem acusou de parcialidade, e com o deputado Deltan Dallagnol (PodemosPR), que foi coordenador da força-tarefa. “O que estava acontecendo não era um processo normal, era um bullying processual, no qual me fizeram ser processado pelo mesmo fato em cinco países por uma simples questão de vingança, por eu não ter aceito ser extorquido.”

Tacla Duran apresentou, em depoimento, fotos e gravações que implicariam o advogado Carlos Zucolotto Junior, sócio da deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP) e amigo próximo do senador, e o empresário Fábio Aguayo na suposta tentativa de extorsão. Ele afirmou que se tratava de uma prática “comercial corriqueira”. “Eu não cedi, até porque eu nunca admiti criminalizar a advocacia ou a minha profissão. Eu não entreguei cliente meu intimidado, ameaçado para ser preso”, disse.

Foro

A menção a Moro e a Dallagnol, que têm direito ao foro privilegiado, levou o Appio a encaminhar o caso ao STF. O juiz interrompeu a audiência “diante da notícia-crime de extorsão”. Ele afirmou que tomou a decisão “para evitar futuro impedimento” e remeteu o caso ao ministro Ricardo Lewandowski.

Moro reagiu, em nota. “Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou”, escreveu. O senador disse não temer qualquer investigação, mas afirmou lamentar “o uso político de calúnias feitas por criminoso confesso e destituído de credibilidade”.

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