Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2023
Os roteiristas de cinema e televisão de Hollywood entraram em greve no dia 2, depois do fracasso das negociações por aumentos salariais com estúdios de produção, como Walt Disney e Netflix. A paralisação pode interromper imediatamente a gravação de programas de TV como os talk-shows de variedades.
A greve é realizada pelo Sindicado dos Roteiristas da América, o WGA, na sigla em inglês, e foi aprovada em abril. Esta será a primeira vez que os profissionais fazem a paralisação em 15 anos, e soma mais de 11 mil trabalhadores envolvidos. Confira abaixo o que se sabe sobre a greve:
1. Quem está organizando a greve dos roteiristas?
A paralisação está sendo organizada pelo Writers Guild of America (WGA), o sindicato ao qual pertence a maioria dos roteiristas em Hollywood. Ao todo, segundo a agência de notícias Reuters, o WGA representa 11,5 mil profissionais.
2. Quais são as reivindicações dos roteiristas?
Os grevistas exigem, principalmente, aumento dos salários e o recebimento maior de lucros gerados pelas transmissões das produções por streaming.
De acordo com a agência de notícias Reuters, os profissionais afirmam que enfrentam dificuldades com as remunerações estagnadas e que as mudanças com o streaming tornaram difícil viver em cidades como Los Angeles e Nova York.
Metade dos roteiristas de séries de TV agora trabalha com salários mínimos, em comparação com um terço na temporada 2013-14, de acordo com as estatísticas da WGA. O pagamento médio para roteiristas no nível mais alto de escritor/produtor caiu 4% na última década.
Outra reivindicação é em relação à inteligência artificial. Segundo a Reuters, o WGA quer garantias que os estúdios sejam impedidos de usar as inteligências artificiais para criar roteiros a partir de trabalhos antigos dos escritores. Eles também querem garantir que não sejam solicitados a reescrever rascunhos de scripts criados pela IA.
3. Como se deu a greve?
Durante o último mês, o WGA tentou negociar as melhores condições com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP, sigla em inglês), que representa as gigantes do entretenimento Comcast Corp, Walt Disney, CBS, Viacom, Time Warner Inc. e Twenty-First Century Fox Inc.
Um dos principais pontos de desacordo, segundo a AMPTP seria o pedido do WGA da contratação de um número determinado de roteiristas “durante um período determinado, sejam eles necessários ou não”.
Outra questão debatida é o salário dos profissionais que trabalham em séries exibidas por streaming, que permanecem disponíveis durante anos em plataformas como a Netflix.
Atualmente, os roteiristas têm um pagamento anual fixo, inclusive se seu trabalho tiver um grande sucesso como “Bridgerton” ou “Stranger Things”, visto por milhões de espectadores em todo o mundo. O WGA pede a reavaliação destes valores, hoje “baixos demais em vista do maciço reaproveitamento internacional” destes programas.
Sem acordo, os roteiristas aprovaram a paralisação por meio de uma votação feita no dia 17 de abril. De acordo com o jornal “New York Times”, a medida foi aprovada por 98% de mais de 9 mil votantes.
4. O que vai acontecer com as séries e filmes?
Os primeiros impactos serão nos programas de entrevistas de variedades e atrações de esquetes de comédia com o “The Tonight Show” e “Saturday Night Live”. Nesses casos, os roteiros são escritos em dias próximos ao da exibição, muitas vezes, até no mesmo dia, e por isso, já devem parar de serem exibidos.
A greve não deve atingir as produções de séries e filmes imediatamente. A maioria das atrações atualmente já possuem um intervalo maior entre as temporadas ou roteiros já escritos.
No entanto, caso o WGA e o AMPTP não cheguem e a paralisação continuar, pode afetar e atrasar o retorno dos programas.
Os filmes têm ainda um período maior para o lançamento. Ainda assim, se a greve se prolongar, os títulos que estão previstos para serem lançados entre 2024 e 2025 podem ser afetados.
5. Os roteiristas já entraram em greve?
Sim. Entre 2007 e 2008, os roteiristas do WGA fizeram uma paralisação que durou 100 dias.
As redes de TV transmitiram reprises e mais reality shows, enquanto o custo da paralisação para a economia da Califórnia foi estimado em US$ 2,1 bilhões, de acordo com o Milken Institute.
Em 2017, o sindicato também aprovou uma greve em votação. No entanto, um acordo no último dia do contrato impediu a paralisação.