Os servidores do Banco Central (BC) entram em greve por tempo indeterminado a partir desta sexta-feira (1º). A categoria cobra do governo reajuste salarial de 26,3% e a reestruturação das carreiras. Dos quase 1,6 mil servidores que participaram da deliberação, 82% votaram pela paralisação total das atividades. Um analista do BC recebe, em média, R$ 26,2 mil por mês.
Como consequência da greve dos servidores do Banco Central, o lançamento de novos serviços do Pix será suspenso, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. O projeto de criação do real digital também será afetado.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, havia desistido de participar de um evento nesta semana em Campo Mourão (PR), para acompanhar de perto a mobilização dos servidores da autarquia. Ele chegou a se reunir com representantes dos servidores na noite do último sábado (26). Os trabalhadores cobraram dele um posicionamento do governo sobre a possibilidade de reajuste salarial. Mas Campos Neto não apresentou uma oferta de aumento.
O movimento no Banco Central foi deflagrado após o presidente Jair Bolsonaro anunciar, no fim do ano passado, que daria reajustes este ano somente para policiais rodoviários e federais.
Paradas diárias
Os servidores do BC fazem paralisações diárias de quatro horas, das 14h às 18h, desde 17 de março. As paralisações já atrasaram divulgações como a Pesquisa Focus, o resultado do Questionário Pré-copom e o fluxo cambial, além da apuração diária da Ptax (taxa de câmbio).
Campos Neto enviou um ofício ao Ministério da Economia solicitando que os servidores da autarquia recebessem reajuste caso o governo decida conceder aumento a outras categorias.
Na semana passada, o presidente do BC deixou claro que a autoridade monetária tem “esquemas de contingência” para continuar funcionando caso o movimento evolua para uma greve geral dos servidores.
Com a operação-padrão dos servidores, o BC informou que não divulgaria esta semana as estatísticas econômico-financeiras de fevereiro. A assessoria da autoridade disse que as datas de publicação serão divulgadas “oportunamente”.
Plano
O Banco Central comunicou que tem planos para que a greve marcada para iniciar nesta sexta não prejudique o funcionamento dos sistemas que hoje são praticamente indispensáveis para a população, como é o caso do Pix.
Em comunicado oficial, o BC citou também outras operações, entre elas o Sistema de Transferência de Reservas (STR) e a Selic. A autoridade monetária informou que planos de contingência foram elaborados “para manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR, Pix, Selic, entre outros”.