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Servidores públicos estão sem recomposição salarial há dez anos e a situação é “desesperadora”

Governo sinalizou uma recomposição salarial para 2024. (Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

Há dez anos sem recomposição salarial, servidores públicos do RS enfrentam situação dramática. Nós, trabalhadores da Segurança Pública, aguardamos uma resposta do governo Eduardo Leite (PSDB), que havia sinalizado uma recomposição para 2024. Mas, até agora, não deu nenhum retorno à categoria.

A situação é desesperadora e muitos trabalhadores da segurança já buscam alternativa para sustentarem suas famílias fazendo “bicos” em supermercados, farmácias e outros.

Além disso, nossos custos acabam sendo mais altos, já que não podemos residir em áreas vulneráveis, visando à segurança de nossos familiares. Esta atuação na informalidade gera cansaço, estresse e depressão. O Rio Grande do Sul é o estado com o maior índice de suicídio entre a população brasileira em geral, com 10,3 casos a cada 100 mil habitantes, conforme dados do Ministério da Saúde. Essa proporção triplica entre os brigadianos, por exemplo. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022 também informa que o suicídio de policiais no Brasil cresceu 55% entre 2020 e 2021, passando de 65 mortes para 101.

Hoje, na Susepe, cerca de mil servidores, como os agentes penitenciários administrativos e os técnicos superiores penitenciários, que trabalham engrenados na segurança e são lotados nos presídios, não têm garantida a paridade salarial e integralidade quando se aposentarem, pois o desmanche do direito a que tinham, iniciou no governo Sartori (MDB).

Atualmente, o vale-refeição ainda é de R$ 366 e não cobre nem a metade dos gastos mensais, levando inúmeros trabalhadores a se encontrarem em dificuldades financeiras para cumprirem com suas obrigações. Além disso, cerca de 70% dos servidores públicos têm dívidas de empréstimos com o Banrisul, tendo a remuneração comprometida a maior parte com a instituição, que desconta direto da folha do pagamento de cada trabalhador.

Porto Alegre fecha 2023 com a cesta básica mais cara do país, no valor de R$ 766, aponta o Dieese. Diante deste cenário, o mínimo que esperamos é que o governo dialogue com a categoria, pois a situação está desesperadora.

 

(Cláudio Desbessel, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Penais do RS)

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