Lidar com o novo é, geralmente, um dos maiores desafios enfrentados pelas pessoas. No âmbito profissional, os recebimentos e as inseguranças que envolvem novas possibilidades podem ser paralisantes. Para as mulheres, a transição de carreira representa um momento impactante, que engloba desde aspectos emocionais até questões financeiras. No entanto, a flexibilidade do crescimento feminino no mercado de trabalho ainda enfrenta barreiras culturais e sociais.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Maturi , plataforma externa para o mercado de trabalho 50+, em parceria com a NOZ Inteligência , empresa de pesquisa e inteligência de negócios, sete em cada dez mulheres na maturidade estão em processo de transição de carreira. Mas como tornar essa mudança mais tranquila?
Segundo a especialista em gestão de pessoas e negócios, Tânia Zambon, o primeiro passo a ser tomado ao optar pela mudança de carreira é avaliar profundamente quais são as motivações por trás da decisão. Para Tânia, não basta apenas estar insatisfeito com o “status quo”, mas sim, realizar uma análise clara e consistente das próprias habilidades e competências que podem ser transferidas para a área desejada. “É fundamental começar a construir uma rede de contatos que possa apoiar essa transição e, se necessário, investir em capacitação para adquirir as competências específicas da nova carreira”, afirma.
Já Ylana Miller, especialista em gestão de pessoas e CEO da Yluminarh, aponta que o autoconhecimento e o planejamento estruturado são essenciais nesse processo. Ela ressalta que, além de dedicar tempo para ampliar a rede de relacionamento e interagir com recrutadores, é fundamental manter o equilíbrio emocional. “É preciso ter foco! É necessário dedicar tempo para interagir com selecionadores, pesquisar novas áreas, ampliar a rede de relacionamento e realizar entrevistas. É um momento que exige muito equilíbrio emocional, portanto buscar ajuda de uma rede de apoio pode promover menos estresse”, explica Ylana.
Em determinados momentos, as mulheres podem enfrentar períodos de instabilidade financeira e emocional durante uma transição de carreira. Segundo Tânia Zambon, com planejamento e uma rede de suporte sólido, é possível minimizar os impactos negativos, transformando a mudança em uma oportunidade de crescimento.
Ylana Miller complementa, destacando que a transição de carreira pode ser ainda mais delicada para mulheres que são as principais provedoras de suas famílias. A falta de apoio familiar pode aumentar a insegurança e tornar o processo ainda mais desafiador.
Para as mulheres na maturidade, o impacto pode ser ainda maior, especialmente devido ao preconceito etário no mercado de trabalho e à necessidade de adaptação às novas tecnologias e às demandas profissionais. Entretanto, essas mulheres possuem um diferencial significativo: vasta experiência de vida e resiliência. “A transição pode ser uma oportunidade de transformar hobbies, paixões ou conhecimentos acumulados em novas carreiras ou empreendimentos. É importante que essas mulheres se sintam empoderadas e busquem ambientes que valorizem suas contribuições. Programas de mentoria ou redes de apoio podem ser grandes aliados nesse processo” ressalta Tânia.
O medo e a insegurança também são fatores que podem pesar na decisão de mudar de carreira. Reconhecer essas emoções e compreender sua origem é o primeiro passo para superá-las. Embora a transição exija determinação, o medo pode, em alguns casos, tornar um obstáculo. Ylana sugere algumas estratégias para superar essa barreira: “Organize seus pensamentos com autocontrole para não prejudicarem sua saúde física e mental. Pratique o autocuidado, não se exigindo demais. Faça um plano de ação concreto com atividades que podem levar à nova trajetória de carreira, definindo etapas e duração. Se dedique a estudar e se desenvolver para a área que pretende atuar”, orienta a especialista.