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Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2017
Uma audiência pública realizada na última quinta-feira, dia 10 de agosto, na Câmara dos Deputados, debateu a Agricultura de Precisão como uma forma racional de produzir alimentos com sustentabilidade e competitividade. Promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, a reunião contou com palestras de representantes do setor, assim como da Embrapa e da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os principais pontos abordados foram a importância da agricultura de precisão para o desenvolvimento do campo e a necessidade de levantamentos para saber quantos produtores brasileiros utilizam este sistema de gestão de propriedade.
O presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraP), José Paulo Molin, demonstrou a importância deste tipo de gestão para otimizar o uso de insumos nas lavouras, a qualidade dos produtos, dando como exemplo o café e a cana-de-açúcar, e com isso aumentar a produtividade. “Com a agricultura de precisão melhoramos a qualidade das operações, aumentamos a lucratividade e ao mesmo temo minimizamos o impacto ambiental”, observou.
Molin lembrou que ainda não se sabe o tamanho da agricultura de precisão no Brasil, o que é fundamental. Disse que em 2013 uma empresa de estatística forneceu dados referentes ao Sul, Cerrado e Novo Cerrado, onde foram entrevistados mil agricultores. “Com base nos números fornecidos, chegamos a um índice de que 15% da agricultura brasileira já está envolvida nesse processo”, explicou.
Com base nesse cenário simplista, segundo Molin, algumas demandas são necessárias, como a estruturação da agricultura do país em torno dos novos paradigmas que envolvem a agricultura de precisão, aporte tecnológico e acompanhamento e evolução de levantamentos sistemáticos sobre o tamanho desse setor no campo brasileiro. “Políticas públicas de incentivo a pesquisas científicas também são importantes. Por exemplo, a tecnologia para um GPS é 100% importada, fazendo com que o produtor brasileiro pague por esta ferramenta três vezes mais que o norte-americano”, sinalizou.
Molin defendeu ainda a formação de mão de obra em todo os níveis (técnico, gerencial e operador), assim como ações urgentes para disponibilizar infraestrutura. “Temos que ter conectividade no campo para poder avançar”, alertou.
A Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), esteve presente à audiência, representada pelo seu presidente o engenheiro Marcio Albuquerque, que falou sobre as principais ações que podem estimular a agricultura de precisão, como linhas de fomento para a inovação, formação de pessoal e incentivo à pesquisa. “Ao contrário de outras áreas, a agricultura não pode simplesmente importar tecnologias. Temos que desenvolver tecnologia adequada às condições brasileiras e que, possivelmente, poderá ser exportada para outros países do Hemisfério Sul”, enfatizou.
Albuquerque também reforçou a necessidade de mais dados sobre a utilização de ferramentas da agricultura de precisão no país, uma vez que com base nesta informação será possível alavancar os investimentos no setor. Também mostrou a necessidade de investimentos em assistência técnica e extensão rural nesta área para ajudar quem utiliza as ferramentas. O dirigente elencou ainda uma questão importante que já existe e deve ser mais divulgada que é a linha de financiamento Inovagro, que faz parte do Plano Safra e se destina à compra de equipamentos voltados ao setor.
Albuquerque pediu apoio da Câmara dos Deputados e da Comissão de Agricultura para as duas entidades (AsBraAP e CBAP) que representam o setor, assim como para cursos, eventos e publicações de livros e materiais didáticos na área. Também fez um convite para que a Comissão envie um representante para participar da próxima reunião da AsBraAP, em novembro, para estreitar os diálogos..