Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de agosto de 2022
O segmento de máquinas e implementos agrícolas é responsável por mais de 90% das comercializações da feira.
Foto: Anna Alves/O SulMaior responsável pelo faturamento da Expointer, com mais de 90% das comercializações, o setor de máquinas e implementos agrícolas está otimista e aposta em recordes de público e de vendas na 45ª edição da feira, que acontece até o dia 04 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS), após a edição reduzida do ano passado e em formato digital, em 2020.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Cláudio Bier, acredita que as vendas podem superar em 50% a feira de 2019, quando ultrapassaram R$ 2,5 bilhões. “A meta é atingir de R$ 3,5 a R$ 4 bilhões”, revela. Um bom termômetro foi a última Expodireto, onde o faturamento foi de R$ 4,9 bilhões, 87% a mais em relação a 2020.
Outro indicador foi a grande procura por espaços – se a área fosse maior, o número de expositores ultrapassaria os 155 que garantiram participação em Esteio este ano, dez a mais do que em 2019. “Todos estão sedentos por uma feira como essa. A Expointer é uma grande vitrine, e isso vale também para os fabricantes de máquinas agrícolas. O parque de máquinas está um pouco maior, conseguimos melhorar e ampliar alguns espaços”, afirma o dirigente.
Bier lembra que a evolução da tecnologia torna o maquinário um atrativo irresistível. “O agricultor entende que, a cada ano, as mudanças são grandes, por isso quer conhecer e está aberto às novidades para, talvez, trocar de máquina. Ele sabe que maior rapidez no plantio e na colheita pode aumentar a produtividade na lavoura.”
O sinal verde para um possível recorde de vendas também é dado pelo calendário. A data em que se realiza a Expointer é estratégica para o setor por ser o primeiro grande evento após o lançamento do Plano Safra 2022/23 do Governo Federal, no final de junho. Do montante de recursos, que este ano somam quase R$ 341 bilhões, pouco mais de R$ 10 bilhões são destinados a financiamentos de máquinas agrícolas.
Sem tempo ruim
Contrariando as expectativas, a estiagem que assolou o Rio Grande do Sul no último verão teve poucos reflexos negativos nas vendas. O setor registrou um incremento de 5 a 6% na produção entre janeiro e julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que a “régua” já estava alta. Em tempos de safra normal, 11% das máquinas e implementos fabricados pelas indústrias gaúchas ficam no Rio Grande do Sul, enquanto o restante é comercializado Brasil afora. Este ano, os prejuízos causados pela falta de chuva pouco afetaram o setor, porque houve aumento na demanda de pedidos de outros estados, que tiveram excelentes colheitas. Por outro lado, vem ocorrendo maior procura por pivôs centrais e outros equipamentos destinados à irrigação, como forma de evitar futuros prejuízos.
Falta de componentes
Um dos impactos da pandemia na fabricação de novos tratores, em 2020, foi a escassez de componentes, como aço e chips. “Depois que acabaram os estoques, o que aparecia no mercado a gente tinha que comprar e ainda torcer para surgir mais”, relata Cláudio Bier. As dificuldades de logística afetaram diretamente o transporte, na importação de produtos, e houve uma desaceleração na entrega de máquinas. Este ano o fornecimento de aço está normalizado, mas o setor ainda enfrenta a falta de chips. A saída vem sendo a adequação, com as empresas buscando negociar microcircuitos com novos fornecedores no exterior.
Protagonismo do Rio Grande do Sul
Cerca de 65% das máquinas e implementos agrícolas fabricados no país são produzidos nas indústrias do Rio Grande do Sul. Esse protagonismo nasceu quando muitos colonos imigrantes abriram pequenas oficinas e depois começaram a construir máquinas. Em função disso, o estado é considerado o berço das máquinas agrícolas. Na medida em que houve crescimento, começaram as vendas, também, para os agricultores que haviam migrado para estados como Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, depois para o Brasil inteiro. “Os gaúchos que lá estão tiveram um papel importante nessa expansão. Hoje algumas daquelas oficinas são grandes empresas do mercado, e nós nos orgulhamos disso”, reflete Cláudio Bier. Atualmente, em todo o país, o setor gera 32,7 mil empregos diretos e 139 mil indiretos.
Fundopen da Irrigação
Durante o período eleitoral, o Simers pretende apresentar aos candidatos a governador o Fundopen da Irrigação. A proposta, que conta com o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e tem o objetivo de ampliar a produtividade nas lavouras através da irrigação, não é nova e vem sendo sugerida a cada novo governo, desde 2004. De acordo com a proposição, o produtor investiria em equipamento para irrigação – adquirido de indústria gaúcha – e o governo isentaria de ICMS o ganho de produção por determinado período. Dessa forma, um hectare de milho irrigado, por exemplo, poderia render o dobro e sem custos para o governo. “A isenção seria compensada pelo movimento econômico gerado pela produção extra. O Fundopen da Irrigação traria tranquilidade para quem planta e para o setor produtivo como um todo”, resume Bier.