Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2023
Após contrair em outubro e novembro, o setor de serviços expandiu 3,1% em dezembro. O resultado levou a atividade a encerrar o ano de 2022 com alta recorde de 8,3%. É o que revelam os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nessa sexta-feira (10) pelo IBGE.
O setor de serviços, que reúne atividades voltadas às empresas e consumidores finais, representa 70% do PIB nacional. O desempenho da atividade no ano passado foi favorecido pela continuidade do processo de reabertura econômica pós-pandemia.
Houve normalização do funcionamento das atividades que dependem do contato presencial, como é o caso de salões de beleza, bares, restaurantes e outros serviços prestados às famílias.
Produção agrícola
Não por acaso o segmento de transportes impulsionou a alta do setor no ano, com destaque para o ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,3%), a principal influência para o resultado anual.
Em segundo lugar estão os serviços profissionais com alta de 7,7%, puxado pelas empresas de locação de automóveis, serviços de engenharia, soluções de pagamentos eletrônicos e organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções. O segmento de eventos e festas viveu dois anos em um, com retomada de festas de casamento e aniversários até grandes congressos e feiras corporativas.
A terceira influência na lista fica com serviços prestados às famílias que cresceram 24%, puxada por segmentos como restaurantes, hotéis, buffet e catering.
IBGE
Para o analista da pesquisa do IBGE, Luiz Almeida, a intensificação na retomada de serviços presenciais após o período de distanciamento social ao longo de 2020 e 2021 ajuda a explicar a expansão em 2022:
“O setor de transportes cresce desde 2020, mas com dinâmica diferente: inicialmente, por causa da área de logística, com alta nos serviços de entrega, em substituição às compras presenciais. Já em 2022, há a manutenção da influência do transporte de carga, puxado pela produção agrícola, mas também pela reabertura e a retomada das atividades turísticas, impactando o índice no transporte de passageiro”, explica o pesquisador.
Fecha o campo das altas o setor de informação e comunicação, com crescimento de 3,3%. O único segmento a apresentar retração no ano de 2022 foi o setor de outros serviços (-2,1%), puxado pela menor demanda por serviços financeiros auxiliares como corretoras de títulos e valores mobiliários.
“Durante os períodos de isolamento mais severos, as famílias de maior renda, que participam mais desse segmento, realocaram o gasto para esse setor. Com a retomada pós-isolamento, a leitura é que a distribuição investimentos mudou, com uma realocação dos gastos familiares”, explica Luiz Almeida.
O mês de dezembro foi marcado pelo avanço dos serviços financeiros auxiliares, atividades ligadas à arquitetura e à engenharia e transporte rodoviário municipal de passageiros. Segundo o IBGE, influenciaram o período as viagens de fim de ano ligado às férias, assim como uma influência do transporte de cargas via setor dutoviário, com influência do setor de óleo e gás.
Apesar de o setor como um todo estar acima do pré-pandemia, nem todos os segmentos superaram os efeitos da crise sanitária. Atividades como as de serviços prestados às famílias, alojamento e alimentação, informação e comunicação, telecomunicações e serviços audiovisuais ainda operam abaixo do patamar de fevereiro de 2020. Na outra ponta, já se recuperaram da pandemia o setor de TI, serviços técnicos e administrativos, transportes terrestre, aéreo, aquaviário e outros serviços.
Perspectivas
O ano de 2023, porém, tende a não ser tão animador para o setor de serviços, na visão de analistas. Isso porque a atividade econômica como um todo tem desacelerado. Há um esgotamento do consumo em meio aos juros altos e crédito mais caro.
O Índice de Confiança de Serviços do FGV IBRE caiu 2,7 pontos em janeiro, para 89,5 pontos, ficando no menor nível desde fevereiro de 2022, quando estava em 89,2 pontos.