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Sexo e dragões, um negócio milionário que está dominando o mercado de livros

Cena do filme "A Court of Thorns and Roses", baseado no livro de Sarah J.Mass, com estreia prevista para janeiro de 2025. (Foto: Reprodução/YouTube)

Dragões, fadas e histórias de amor com finais felizes – e cenas picantes – estão em alta. As vendas de livros que se inspiram neste universo dispararam e levaram o mercado a já batizar o estilo como um novo gênero literário: a romantasia, misto de romance com fantasia.

São jornadas épicas de personagens místicos envoltos em histórias de amor com direito a cenas picantes de sexo. E os livros nunca vêm só, são sempre séries com vários títulos em sequência. As vendas deste gênero literário somaram US$ 454 milhões em 2023 – um recorde. E devem chegar a US$ 610 milhões, prevê a Circana, uma consultoria especializada no mercado editorial.

O número de livros vendidos chegou a 11 milhões nos primeiros cinco meses de 2024, quase o dobro do mesmo período do ano passado. A Circana prevê que o estilo literário atinja um ponto de saturação em 2025, com um freio nos lançamentos após o forte boom dos últimos anos.

Mas os seguidores entusiasmados do gênero devem manter essas protagonistas femininas empoderadas em alta nas prateleiras das livrarias por muito tempo.

A expoente do estilo é a escritora americana Sarah J.Maas, de 38 anos. Sua série “Corte de Espinhos e Rosas” – que até ganhou um acrônimo dos fãs, Acotar, sigla para o original em inglês, “A Court of Thorns and Roses” – costuma ser o livro de introdução para novos fãs do gênero. E já tem um filme inspirado na série previsto para estrear em 2025.

O livro foi um sucesso para a editora Bloomsbury, cujas ações subiram 16% este ano na Bolsa de Londres.

A série conta a história de uma jovem que é obrigada a se tornar caçadora para viver e é levada a um mundo mágico, onde suas lealdades são divididas entre dois reinos míticos e seu coração, entre dois lordes das fadas.

“Quarta Asa”, o primeiro livro da nova série The Empyrean, da autora Rebecca Yarros, da editora Entangled, é outro caso de sucesso, Conta a história de uma cadete em uma academia para cavaleiros de dragões e já tem novo volume previsto para ser lançado nos EUA em janeiro.

E, dessa vez, especialistas afirmam que é um fenômeno diferente da saga “Crepúsculo”, dos anos 2000, que fez despertar um súbito interesse por tudo relacionado a vampiros – e um subsequente cansaço com o tema. Agora, os ávidos leitores de romantasia têm um cardápio de subcategorias a seu dispor.

Há romances de fantasia sobre fadas e elfos, humanos e monstros, alguns ambientados em terras distantes e outros que infundem cenários urbanos com magia.

As editoras estão criando selos dedicados a esses livros, e autores estão lançando novas séries sob medida já refletindo as opiniões de um público altamente conectado. Recomendações, reações e resumos frequentemente viralizam na internet.

Essa massificação via redes sociais pode ser benéfica para o universo literário, avalia Kat Sarfas, gerente da categoria de fantasia na rede de livrarias Barnes & Noble, porque expande o gênero e mantém os leitores entretidos por mais tempo.

O sucesso desses romances não aconteceu de uma hora para outra. Foi uma gestação lenta. Autores têm misturado os dois gêneros – romance e fantasia – há décadas, lembra Jayashree Kamblé, professora de inglês no LaGuardia Community College da City University of New York.

A Bloomsbury publicou o primeiro livro da série “Corte de Espinhos e Rosas” em maio de 2015. O boca a boca de fãs devotos e, depois, a explosão de popularidade da saga no BookTok – ambiente do TikTok destinado aos livros – fizeram a mágica acontecer. Há nada menos do que 364 mil posts no TikTok que ostentam a hashtag de romanstasia, e mais de 1,4 milhão com a marcação Acotar.

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