A gigante do petróleo Shell pediu desculpas nesta terça-feira (8) por ter comprado uma carga de petróleo russo na última semana – depois que a decisão provocou fortes críticas contra a companhia. A empresa afirmou ainda que pretende se retirar do mercado russo, de forma gradual.
Como “primeiro passo imediato”, a petroleira afirmou ter interrompido todas as compras do petróleo da Rússia, e disse que vai fechar todos os seus postos de abastecimento, além das operações de combustível de aviação e lubrificantes no país.
“Nós estamos profundamente conscientes de que nossa decisão na semana passada de comprar uma carga de óleo cru russo para ser refinado em produtos como gasolina e diesel – apesar de ter sido tomada tendo a segurança do fornecimento em mente – não foi a decisão certa, e pedimos desculpas”, afirmou em nota o CEO da empresa, Ben van Beurden.
Ainda na segunda (7), a Shell defendeu sua decisão de comprar um carregamento de petróleo bruto com desconto da Rússia, apesar da invasão e bombardeio da Ucrânia. Em comunicado, a companhia afirmou que a decisão foi “difícil” — e que “não teve alternativa”.
Ajuda humanitária
Além da suspensão das atividades, o executivo da Shell afirmou que os lucros do restante do petróleo russo que a empresa ainda vai processar será direcionado a um fundo, cujo destino será discutido com agências humanitárias, “para melhor aliviar as terríveis consequências que esta guerra está tendo para o povo da Ucrânia”.
Em nota, a empresa se comprometeu a:
— Parar imediatamente de adquirir óleo russo no mercado à vista, e não renovar contratos a termo.
— Alterar a cadeia de suprimentos para remover os volumes russos. “Vamos fazer isso o mais rápido possível, mas a localização física e a disponibilidade de alternativas significa que pode levar semanas para que isso seja completado”, diz a empresa.
— Fechar postos de serviço e operações de combustível de aviação e de lubrificantes na Rússia.
— Começar a retirada da empresa, em fases, dos produtos de petróleo russos, gás canalizado e gás natural.
Sanções
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a proibição da importação do petróleo, gás e carvão da Rússia. É a mais nova sanção ao país, que é um grande produtor mundial de combustíveis fósseis.
O Reino Unido decidiu aderir ao embargo, e eliminará gradualmente as importações de petróleo e derivados russos até o fim de 2022, disse o primeiro-ministro Boris Johnson.
Os anúncios foram feitos poucos minutos depois de a Comissão Europeia ter divulgado seus planos para reduzir a dependência de gás e energia oriundos da Rússia. Segundo o anúncio oficial, o objetivo é que o bloco diversifique suas fontes de energia e se torne mais autossuficiente “bem antes de 2030”.
Poucas horas depois, em reação à nova rodada de sanções do Ocidente, o presidente russo Vladimir Putin assinou um decreto para banir ou restringir a venda de algumas matérias-primas. A lista completa de produtos ainda seria decidida nos próximos dois dias.
A Rússia é um grande produtor de gás, petróleo, metais e grãos. Mas muitas dessas matérias-primas já não estão sendo exportador porque grandes transportadores marítimos deixaram de operar no país.