Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de março de 2024
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse na reunião do Diretório Nacional do partido, na última semana, que uma ordem dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impedindo o governo de promover atos para marcar os 60 anos do golpe de 1964, enfraqueceu as manifestações do último dia 23. A portas fechadas, dirigentes do PT classificaram a mobilização como desastrosa.
Em São Paulo e em Salvador, por exemplo, os atos, somados, não chegaram a reunir 10 mil pessoas. Para Gleisi, o desestímulo aos protestos partiu do próprio Lula, que não quis desagradar às Forças Armadas. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, garantiu ao presidente que também não haverá a leitura da Ordem do Dia de 31 de março nos quartéis.
Mas houve quem dissesse na reunião do PT que as dificuldades para reunir povo na rua estariam ligadas à “falta de foco”, com palavras de ordem dispersas – enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro levou milhares à Avenida Paulista, em 25 de fevereiro, com um objetivo definido: o pedido de anistia para quem participou dos atos de 8 de janeiro de 2023.
A nota oficial do diretório do PT não trata de nada disso nem do fracasso das manifestações convocadas para o dia 23. Mas reafirma que o partido reforçará a mobilização e traz uma crítica indireta à ordem de Lula.
“O PT apoiará e participará dos atos e manifestações da sociedade previstos para os dias 31 de março e 1º de abril em diversos pontos do País, além das atividades organizadas pela Fundação Perseu Abramo, sobre os 60 anos do Golpe de 1964” ,destaca o texto.
Sem atritos
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, confirmou presença em um evento que marca 60 anos do golpe de 1964. A agenda foi confirmada pela assessoria do ministro, que preferiu não comentar se isso pode causar atrito com o presidente.
O evento acontecerá no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), cidade que Marinho governou entre 2009 e 2016. O ministro foi também presidente do sindicato de 1996 a 2003.
Mesmo após ordem do presidente da República para que o governo não participe de eventos envolvendo a data, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, confirmou presença em ato que marca 60 anos do golpe militar.
Um outro evento vem sendo também organizado no ABC. A Associação Heinrich Plagge, que reúne trabalhadores brasileiros da Volkswagen que foram vítimas de perseguição política na empresa durante o regime (de 1964 a 1985), também organiza um encontro, que deverá ocorrer no próximo dia 4 e inclui o lançamento de um livro que narra a opressão e prisão de operários ao longo do período militar.
No final de fevereiro, Lula afirmou que não quer ficar “remoendo o passado” e que está mais preocupado com os atos golpistas de 8 de janeiro no passado do que com o golpe de 1964. O presidente espera que tanto os militares da ativa como seus auxiliares civis deixem de falar do golpe militar para não acirrar ainda mais os ânimos entre a gestão petista e as Forças Armadas.
Outro ministro do petista, Silvio Almeida, que ocupa a área dos Direitos Humanos, já tinha programado um ato previsto para o dia 1 de abril, mas, a pedido de Lula, desfez os preparativos. O projeto previa um encontro no Museu Nacional da República.