Antes de ser preso na última quarta-feira (9), o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, entrou com uma ação contra o superintendente da corporação no Paraná, Fernando César Borba de Oliveira.
O superintendente criticou o uso político da PRF no governo Jair Bolsonaro (PL). Vasques pede uma indenização de R$ 52,8 mil por danos morais.
A ação tramita na Justiça do Paraná e ainda não foi julgada. O ex-diretor-geral da PRF afirma ter sido vítima de “fake news ofensivas”.
“Tais ofensas acompanharão o demandante (Silvinei) até o final de sua vida. E cada vez que lembrar dessas ofensas será coberto por um espirito de tristeza e desânimo”, diz um trecho da ação.
Silvinei Vasques foi preso preventivamente pela PF (Polícia Federal), em Florianópolis (SC), durante a Operação Constituição Cidadã, que investiga interferência no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
A Polícia Rodoviária Federal promoveu trocas em todas as superintendências nos primeiros meses do governo Lula (pt) em uma tentativa de abandonar o bolsonarismo e retomar o foco operacional, sem alinhamento político ou ideológico.
Ao assumir o cargo, Fernando César Borba de Oliveira prometeu resgatar a imagem da PRF como uma “polícia de Estado”, “sem promoção pessoal nem qualquer tipo de proselitismo ideológico ou religioso”.
Ele também concedeu entrevistas em que criticou as operações organizadas no segundo turno da eleição. A PRF desobedeceu o comando da Justiça Eleitoral e abordou ônibus de passageiros no dia da votação, sobretudo no Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O superintendente afirmou que houve uma tentativa de instrumentalização da corporação.
Durante a realização do segundo turno das eleições, em 30 de outubro, a PRF fez mais de 500 operações para fiscalizar o transporte de eleitores em diversas estradas do País, principalmente no Nordeste. A Justiça Eleitoral determinou a suspensão das blitze para não prejudicar o deslocamento das pessoas até os locais de votação.
Silvinei é suspeito de usar a máquina pública para interferir no segundo turno de 2022. As investigação apuram se ele orientou a PRF para concentrar fiscalizações em regiões que votaram majoritariamente em Lula no primeiro turno. O objetivo seria impedir que eleitores chegassem aos locais de votação.
Antes de assumir o comando da PRF no Paraná, Fernando César Borba de Oliveira foi porta-voz da corporação no Estado. Ele foi desligado da função no governo Bolsonaro por “desalinhamento” com Brasília.
Vasques nega
Em depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (10), Silvinei Vasques disse que as blitze realizadas no dia do segundo turno das eleições de 2022 tinham o objetivo de coibir compra de votos.
Em meio ao depoimento, ele teve uma queda de pressão e passou mal. Vasques foi atendido e voltou a prestar informações aos investigadores. No entanto, negou que a intenção fosse impedir eleitores do presidente Lula de votar.