Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de agosto de 2023
Embora ocorra de forma súbita, a parada cardíaca pode na realidade ter sintomas que indiquem o problema até 24 horas antes de ele acontecer. É o que descobriram pesquisadores do Instituto do Coração Smidt, no Centro Médico Cedars-Sinai, nos Estados Unidos.
Em novo trabalho, publicado na revista científica The Lancet Digital Health Journal, os cientistas observaram que 50% dos pacientes monitorados apresentaram um sinal no dia anterior à interrupção abrupta do funcionamento do coração.
Além disso, os pesquisadores relataram que esse sintoma não é igual entre homens e mulheres. Enquanto, para aqueles do sexo masculino, o mais comum foi a dor no peito, para as do sexo feminino, foi a falta de ar.
Esses dois foram os sinais predominantes, mas pequenos subgrupos de ambos os gêneros apresentaram palpitações, atividades semelhantes a convulsões e sintomas parecidos com de gripe 24 horas antes da parada.
Para os pesquisadores, esse tipo de informação é importante para que a pessoa esteja atenta e consiga identificar mais rapidamente o quadro. Eles citam que 90% das paradas cardíacas que ocorrem fora do hospital levam o paciente ao óbito.
“Aproveitar os sintomas de alerta para realizar uma triagem eficaz para aqueles que precisam fazer uma ligação para a emergência pode levar à intervenção precoce e à prevenção da morte iminente. Nossas descobertas podem levar a um novo paradigma para a prevenção da morte súbita cardíaca”, afirma o diretor do Centro de Prevenção de Paradas Cardíacas do Instituto do Coração Smidt, e autor do estudo, Sumeet Chugh, em comunicado.
Para chegar às conclusões, os responsáveis pelo trabalho utilizaram dois estudos que acompanham duas comunidades americanas, uma em Ventura County, na Califórnia, e outra em Portland, no estado de Oregon. Ambos estão em andamento há 22 e 8 anos, respectivamente.
Foram coletados dados de participantes com idades entre 18 e 85 anos que deram entrada nos serviços de emergência dos dois locais com paradas cardíacas, entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2021. Os pesquisadores também selecionaram uma população de controle, que procurou os mesmos serviços com sintomas semelhantes, porém sem o evento cardiovascular.
Ao comparar os dados de ambos os grupos, os resultados indicaram que 50% dos pacientes que sofreram uma parada cardíaca tiveram ao menos um sintoma que foi associado ao quadro 24 horas antes, e que 30% deles foram a dor no peito ou a falta de ar.
“Em modelos específicos para cada sexo, a dor no peito, a dispneia (falta de ar) e a sudorese foram associadas à parada cardíaca súbita nos homens, mas apenas a dispneia foi associada à parada cardíaca súbita nas mulheres”, escrevem os autores no estudo.
Eles afirmam ainda que a maioria dos sintomas ocorreu isoladamente, e não em conjunto. Citam também sinais que foram menos frequentes entre aqueles que sofreram a parada cardíaca, e portanto não indicaram o risco para o quadro:
“Tonturas, sintomas abdominais (ou seja, dor ou desconforto), fraqueza e náuseas ou vômitos foram significativamente menos comuns entre os pacientes com parada cardíaca súbita do que no grupo controle”.
Chugh, autor do trabalho, fala sobre os próximos passos para aprimorar a capacidade de prever o problema:
“A seguir, complementaremos esses principais sintomas de alerta específicos de cada sexo com recursos adicionais – como perfis clínicos e medidas biométricas – para melhorar a previsão de parada cardíaca súbita”. As informações são do jornal O Globo.