O sinal ativo dos celulares de Letícia Ayumi Rodzewics, 20 anos, e da mãe dela, Luciana Rodzewics, 46 anos, pode auxiliar a operação de resgate do helicóptero que desapareceu no Vale do Paraíba no último domingo (31), após decolar de São Paulo com destino a Ilhabela. Familiares informaram às autoridades que o celular das duas mulheres continua ativo, embora ninguém atenda.
As equipes de buscas já cumpriram mais de 40 horas de voo na região onde o helicóptero desapareceu. A área foi definida pelo plano de voo e pelo sinal dos aparelhos de celular dos ocupantes da aeronave.
Uma aeronave SC-105 Amazonas participa da operação. Ela é usada em operações de busca, resgate e salvamento. O avião tem sistema eletro-óptico e utiliza sensores infravermelhos, podendo detectar uma aeronave acidentada encoberta pela vegetação ou até mesmo uma pessoa no mar. O avião também tem equipe de observação, que vasculha a área sobrevoada a olho nu.
Black Hawk
Quatro aeronaves e helicópteros da FAB, policias militar e civil vasculham uma área de 5 mil km² na serra entre as cidades de Paraibuna, Natividade da Serra e Caraguatatuba. Desde sexta-feira (5), drones com infravermelho e visão térmica ajudam nas buscas.
Segundo a FAB, as buscas têm sido prejudicadas pelas condições meteorológicas e pelo relevo montanhoso na região. A área total de buscas é de cinco mil quilômetros quadrados.
“Se a aeronave mergulhou para dessa da floresta, ela acaba imersa por essa vegetação e aí que entra a complementação do trabalho do drone, uma vez que pode ser feito um trabalho de aproximação que com o rotor vai afastar a vegetação e dá para chegar mais próximo do solo”, explica o delegado.
O drone encontrou um objeto suspeito. Mas, pouco tempo depois, o helicóptero se aproximou e os policiais constataram que se tratava de um tronco de árvore.
A operação de resgate foi reforçada por um Black Hawk, helicóptero militar de médio porte utilizado para missões de resgate e busca de salvamento.
Agulha no palheiro
O tenente-coronel Emanuel Garioli, comandante do Esquadrão Pelicano da Força Aérea Brasileira (FAB), afirmou que não há uma data prevista para que as buscas sejam encerradas. “Normalmente, quando somos acionados em busca, a meteorologia não é favorável. Temos também um relevo montanhoso e a Mata Atlântica densa. Junto com isso, ainda temos uma aeronave pequena e na cor cinza”, afirmou o oficial.
A Polícia Militar de São Paulo também participa das buscas pela aeronave desaparecida. O major Joscilênio Fernandes, da PM paulista, afirmou que a operação é “como procurar uma agulha no palheiro”. “O helicóptero é cinza, e se ele tiver debaixo das árvores, uma vegetação espessa, fica muito mais difícil o trabalho visual, por mais que a gente seja treinado para isso e estejamos voando baixo”, afirma Fernandes.
Licença cassada
O helicóptero, um Robinson R44 fabricado em 2001, era pilotado por Cassiano Tete Teodoro, 44 anos. Ele teve sua licença e as habilitações cassadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por causa de “condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A agência reguladora diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.