Domingo, 16 de março de 2025
Por Ali Klemt | 16 de março de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Cortei os cabelos. Cortei bastante, aliás. Sempre fui adepta do cabelão, mas chegou a hora de mudar – e já explico o porquê.
Antes, contudo, preciso fazer uma rápida reflexão.
Sou gaúcha. E nós, gaúchos, somos conservadores. Isso não é uma crítica, pelo contrário: é apenas uma constatação da nossa cultura. Não por acaso, as mulheres daqui são extremamente femininas. Também não é por acaso, portanto, que são consideradas das mais lindas do país.
Sim, temos síndrome de prenda. O cabelo tem um significado profundo para muitas mulheres, indo muito além da estética. Ele está ligado à identidade, autoestima, cultura e até mesmo à expressão emocional.
Na América Latina, e especialmente no Sul do Brasil, o cabelo longo é visto como um padrão de beleza clássico. Muitas mulheres gaúchas se inspiram nesse ideal, associando fios longos a charme, elegância e sensualidade. O Rio Grande do Sul tem uma forte tradição ligada ao campo e à figura da prenda, a mulher do tradicionalismo gaúcho. No meio tradicionalista, o cabelo longo é valorizado como símbolo de feminilidade e conexão com a cultura. Muitas prendas usam tranças e penteados modificados em eventos culturais, reforçando essa estética. Eu mesma acho a coisa mais linda aquele cabelo com uma flor adornando. E, por muitos anos, assim vivi.
Acontece que o tempo passou – e o que vou falar aqui não tem absolutamente nada a ver com idade. Acho lindo ver mulheres maduras, experientes, balançando o cabelão por aí. Sensuais. Femininas. Seguras do seu poder. A questão é que estou entrando em uma nova fase pessoal. Não sei explicar direito, mas tem a ver com transições. Tem a ver com encerramento e início de ciclos. Mas calma, não se assustem! Continuo na bancada mais amada do Brasil, sigo liderando as Aliadas, permaneço casada com o Patrickão. Trata-se, na verdade, de uma mudança interior.
Estou às vésperas de realizar um grande sonho. Eu, que tanto escrevo, finalmente, lançarei o meu primeiro livro. A minha obra de estreia. E não é apenas um livro: é a concretização de todos os aprendizados que interiorizei nesses 45 anos de vida, mas, mais especificamente, no período desde que resolvi mudar. Resolvi ouvir o meu coração. Resolvi ser feliz todos os dias, e não apenas nos finais de semana. Há 9 anos, eu empreendi uma transição de carreira que eu, com toda a humildade possível, mas, também, com todo o orgulho que cabe em meu coração, considero como uma das mais bem sucedidas transições que conheço. E, finalmente, consegui “empacotar” toda essa experiência. E, mais do que isso, torná-la útil para todo mundo. Chegou a hora não só de inspirar, mas de ensinar como se faz.
Sobre o livro? Conto mais em breve, pois esse texto é sobre cabelo. É sobre uma imagem de poder, elegância e credibilidade. É sobre alinhar o seu exterior com os anseios do seu interior. É sobre ser coerente de dentro para fora. É sobre, enfim, comunicação.
Ninguém me pediu para fazer isso: brotou do meu coração. E aí é que a mudança é legal, por ser verdadeira: vem de dentro para fora, como uma forma de expressão. Como um meio de gritar para o mundo “ei, tô pronta!”.
No meu caso, cortei o cabelo estilo Chanel. Meu Deus, Chanel, o ícone máximo da elegância e da classe. Na sequência, pense em mulheres que fizeram uso dessa forma de comunicação: Victoria Beckham, Michelle Bolsonaro, Cintia Chagas. Isso é um símbolo – e é assim que as mudanças visuais devem ser pensadas. De forma estratégica, de acordo com os nossos anseios, desejos, aspirações e, sobretudo, com a nossa intenção autêntica do coração.
Esse texto não é sobre convencer a cortar o cabelo. De jeito nenhum. Até porque isso pode acabar em drama, e eu não quero ser responsável por gente chorando sobre os fios “derramados”. Esse texto é sobre se permitir expressar, sem medo, as transformações internas que todos passamos ao longo da vida (assim eu espero, pois uma vida sem transformação é uma vida sem evolução) através das mudanças externas. É sobre desapegar de padrões de beleza ou de rótulos impostos para deixar o seu “eu” brilhar. É sobre seguir a sua vontade, e sua apenas, porque ela faz sentido para VOCÊ – que é, afinal, o que importa. Porque, assim, você pode dizer para o mundo que está pronto para novos desafios.
Eu já estou. E você?
Ali Klemt
@ali.klemt
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.