Divulgadas com erros na manhã do último dia 30 no portal do Ministério da Educação (MEC), as primeiras listas de aprovados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2024 estavam equivocadas porque foram ao ar antes da finalização do cálculo de cotas, de acordo com integrantes do governo.
Na manhã de terça-feira, candidatos relataram ter conseguido acessar o site dos resultados do Sisu por volta das 9h. Pouco depois, vários estudantes compartilharam nas redes sociais capturas de tela que mostravam a aprovação. No entanto, o resultado oficial foi divulgado com atraso no dia seguinte e, quando saiu, estava diferente do divulgado no dia anterior. O erro no Sisu 2024 frustrou candidatos que acreditaram ter passado em uma instituição pública de ensino superior.
As listas do dia 30, porém, foram publicadas indevidamente, enquanto o ministério ainda calculava as notas conforme a nova regra de cotas. Segundo o MEC, os dados ficaram disponíveis por 25 minutos e a ocorrência está sendo investigada.
Entenda o erro
A nova Lei de Cotas, sancionada no ano passado, alterou a distribuição de vagas por cotas no Sisu. Agora, candidatos pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência concorrem às vagas reservadas apenas se não alcançarem, inicialmente, as notas para ampla concorrência.
Ou seja, todos os candidatos começam competindo juntos, na ampla concorrência. Caso um estudante cotista tenha nota o suficiente para passar pela ampla concorrência, ele não será enquadrado em uma cota, portanto, não ocupará a vaga reservada.
Ao todo, o Sisu possui oito grupos de cotas. Os resultados são alterados e os candidatos são remanejados cada vez que uma dessas oito categorias são analisadas pelo sistema. O resultado do dia 30 foi divulgado no meio desse processo, portanto, estava equivocado, e alguns alunos que estavam “aprovados” ficaram de fora do resultado oficial.
As regras de distribuição de cotas ofertadas no Sisu foram alteradas em 2023 no intuito de ampliar o acesso à universidade para cotistas. O novo modelo possibilita a seleção de candidatos cotistas com menor desempenho.
“O que houve foi uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados, durante 25 minutos da manhã do dia 31 de janeiro. A ocorrência está sendo rigorosamente apurada”, explicou o MEC em nota. “O sistema é seguro e os resultados oficiais não são modificados”, acrescenta o comunicado.
UNE cobra explicações
A UNE (União Nacional dos Estudantes) protocolou na sexta-feira (2) uma notificação extrajudicial em que solicita ao MEC esclarecimentos sobre o erro na divulgação dos resultados provisórios do Sisu.
Segundo a entidade, as manifestações do governo sobre o problema são insuficientes. “Não foram devidamente esclarecidos os motivos pelos quais houve a instabilidade do sistema, tampouco as razões pelas quais alguns candidatos conseguiram o acesso ao portal do SISU em 30 de janeiro de 2024 enquanto outros não”, diz o documento.
Nas redes sociais, diversos estudantes demonstraram frustração com a divulgação indevida. A UNE comunicou que criou uma plataforma para reunir relatos e obter uma dimensão das pessoas que foram prejudicados com o erro. O intuito é se preparar para seguir com novas medidas.
A UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) também se pronunciou sobre o assunto e pediu responsabilidade com os estudantes. “Basta de descaso com os nossos sonhos. Os erros e inconsistências no sistema de divulgação do SiSU, além de fazerem milhares de jovens permanecerem ansiosos na espera pelos resultados, fez com que muitos tivessem ‘falsas’ aprovações”, disse, em nota.