Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2024
A operação das “bets chinesas” com apostas online irregulares se apropria, sem autorização, de dados pessoais de brasileiros para abrir contas bancárias usadas para movimentar o dinheiro em jogos como o do “tigrinho”. Sem saber que tiveram nome e CPF usados, as vítimas do crime passam a ser ameaçadas por apostadores que também são vítimas do golpe e ficam sem receber prêmios a que, em tese, teriam direito.
A reportagem localizou pessoas que tiveram dados usados sem autorização para a abertura de empresas. Bárbara (nome fictício), de 25 anos, natural de Cachoeirinha (RS), aparece como dona de pelo menos cinco empresas. As inserções foram feitas por uma cunhada que foi cooptada por um estrangeiro para abrir empresas e cadastrá-las no site do Ministério da Fazenda em troca de R$ 600.
Procurada, ela disse que não sabia que se tratava de golpe e retirou os protocolos. Mas os dados de Bárbara também foram usados para a abertura de uma conta em uma fintech para transferências de dinheiro, que serviu para receber depósitos feitos por apostadores em plataforma de jogos, sem o conhecimento dela. Os sites costumam alterar periodicamente as contas utilizadas.
Vítimas ameaçadas
No dia 8 de novembro, um grupo de apostadores se sentiu lesado por não receber o prêmio que a bet indicou que teriam direito e, por meio de buscas pelo nome atrelado à empresa para a qual fizeram o depósito, descobriram o número do celular de Bárbara, que passou a receber ameaças.
As “bets chinesas” oferecem jogos como o do “tigrinho” – uma espécie de cassino –, mas sem critérios claros de funcionamento ou sobre as chances de vitória em cada aposta. O Ministério da Fazenda diz que precisa de cinco meses para analisar os pedidos protocolados a partir de 20 de agosto. Hoje, só 101 empresas têm aval para funcionar no período que o governo chama de “adequação”, até 31 de dezembro.
Morador de Aparecida de Goiânia (GO), Matheus Marzzio de Paula, de 27 anos, relatou à reportagem um caso semelhante de xingamentos, mas depois mudou o discurso. Ele aparece como dono da Bern Participações, empresa usada para depósitos em sites de “bets chinesas”. Primeiro, ele disse que “tem um monte de número me mandando mensagem por causa de ‘tigrinho’, gente falando que mandou dinheiro pra mim. Vou registrar um boletim de ocorrência amanhã cedo”. No dia seguinte, mudou de versão e depois deixou de atender às chamadas.
Procurado, o Ministério da Fazenda informou que as fraudes serão detectadas e que pode acionar o Ministério Público e a Polícia Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.