Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Carlos Alberto Chiarelli | 7 de novembro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Netanyahu estava totalmente rejeitado e desmoralizado ante a população israelense, que não lhe dera a vitória eleitoral. Sendo o regime parlamentarista, o resultado obrigava que chegara a hora de arrumar as malas. Não tinha maioria no Congresso e havia uma rejeição fortíssima da opinião pública, consequência das denúncias de corrupção, com fortes repercussões no Legislativo e no Judiciário judeu.
Usava suas manhas tradicionais e a dificuldade histórica da oposição de unir-se para prorrogar as doses do remédio que adiava a queda, mas não a impediria.
Nesse momento, o grupo radical Hamas – terrorista palestino –, em plena madrugada e de surpresa, ataca um Israel que, no governo de Netanyahu, não tinha mais a eficiência modelar dos serviços de segurança e foi incapaz de fazer frente exitosamente ante os minoritários do Hamas.
O governo do premier, Netanyahu, demorou para acordar, o que permitiu ao Hamas alguns triunfos, como o sequestro de 240 mulheres judias levadas para um esconderijo cuja localização seria de conhecimento apenas da alta chefia do Hamas. Segundo o próprio serviço de informação norte americano, são totalmente vigiadas e tratadas como prisioneiras perigosíssimas posto que o Hamas as tem como bem mais valioso que está em seu poder e que seria utilizável apenas na ocorrência de uma troca vantajosa.
Netanyahu, nesse momento já quase fora do cargo, ante o ataque dos terroristas, convocou um governo de emergência sob o seu comando e o caracterizou, face a lei judaica, como sendo de União Nacional e, consequentemente, deveria ele próprio para cumprir a lei continuar no comando político da nação.
Surge, então, para Netanyahu, a poção milagrosa: exerce o direito de convocar 350 mil jovens para se alistarem nas forças armadas posto que deles sentem falta as forças armadas e com eles, na maioria graduados no ensino superior, qualificam humanamente o exército e a força aérea de Israel.
As forças armadas israelenses tradicionalmente poderosas e modernas, mesmo com atraso, foram ao ataque e obrigaram ao Hamas a uma retirada estratégica fundamental.
Netanyahu, em seu governo ora fragilizado, passava a um estágio de visível descontentamento de Biden. O presidente americano demonstrava forte rejeição à política do primeiro ministro israelense e, mais especificamente, já fizera sentir a ele que não era animadora a hipótese de que continuasse no poder.
Netanyahu, mal com Biden, reage lançando mais forte ataque aéreo sobre a região de Gaza. Com a mobilização que aprontou, praticamente envolvendo toda a força aérea e com o ataque insistente e demorado, fez danos fortíssimos no inimigo e não teve o menor cuidado de evitar que as populações nas regiões das cercanias do Hamas pagassem parte do preço da ação terrorista.
Publicamente, o líder judeu faz saber que não pretende se limitar à guerra aérea (onde não tinha adversário) e se propõe a avançar com a infantaria com o propósito de destruir a cidade de origem do Hamas. Em princípio, conquistando a região.
Mais duas forças, com as tropas voluntárias de infantaria e de fuzileiros navais, fizeram com que o aparato militar de Israel, completamente desvinculado dos limites jurídicos de uma guerra, fez saber a amigos e inimigos que destruiria o Hamas e não estava disposto a abrir corredores humanitários.
Tal medida mostrou sua ácida postura, entrando em choque diplomático com as Nações Unidas, cujos caminhões com alimentos demorou mais de duas semanas para autorizar a circulação. Já os que levavam água potável, impediu sua distribuição por cerca de um mês.
Netanyahu fez-se rigorosamente contrário à ideia de abrir-se um corredor sanitário (que levaria comida, remédio, etc.) mesmo tendo tal ideia sido patrocinada pelo governo estadunidense.
Formalmente, não atendeu o presidente americano, deixando que se entendesse que a guerra era sua ÚNICA e DECISIVA ALIADA. Proclama que, com a sua continuidade, Israel tem condições de fazer política e, mais que isso, garantir a preservação de seu poder crescente. É o único caminho para ele que lhe serve e que serviria a Israel. É o único que acredita na permanência da vitória.
Carlos Alberto Chiarelli foi ministro da Educação e ministro da Integração Internacional
(e-mails para carolchiarelli@hotmail.com)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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