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Brasil Sob pressão dos militares, o governo começou a isolar Flávio Bolsonaro: setores sugeriram até que o filho do presidente não assumisse sua cadeira no Senado devido ao agravamento das suspeitas no Rio

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Flávio passou a ser investigado após o Coaf identificar movimentações financeiras atípicas na sua conta corrente e na de seu ex-assessor. (Foto: Reprodução de TV)

Pressionado por militares, o governo Bolsonaro começou a deixar o senador eleito Flávio (PSL-RJ), filho do presidente, sozinho para explicar o caso envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz. “Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”, declarou Bolsonaro à Bloomberg em Davos (Suíça).

Em Brasília, ao comentar essa frase, o presidente interino, general Hamilton Mourão, que afirmara que o tema não dizia respeito ao governo, disse ser necessário “apurar e punir, se for o caso”. Existe um consenso entre oficiais das Forças Armadas de que Flávio não convenceu ao explicar operações financeiras envolvendo imóveis e a movimentação atípica de valores seus e de Queiroz.

Há entre eles quem defenda Flávio não assumir a cadeira no Senado. Com o aumento da cobrança de setores militares, o governo Jair Bolsonaro (PSL) começou a deixar o filho mais velho do presidente, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), sozinho para explicar o cada vez mais nebuloso caso envolvendo seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

O que os apoiadores do governo não sabem dizer ainda é se a tática será eficaz e, principalmente, se não veio tarde demais. Em Brasília, o presidente interino, general Hamilton Mourão, foi na mesma linha: “Apurar e punir, se for o caso”, comentando a frase de Bolsonaro. É uma inflexão: ele vinha dizendo que o tema não dizia respeito ao governo.

Oficiais generais da ativa, das três Forças, disseram que existe um consenso de que Flávio não foi convincente até aqui nas explicações sobre o cipoal que mistura operações financeiras envolvendo imóveis no Rio com a movimentação atípica de valores seus e de seu ex-assessor.

Após a repercussão da declaração, Bolsonaro disse, em entrevista à Record, que acredita no filho e que as acusações contra ele são infundadas. “Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, declarou o presidente.

A crise em torno do caso foi agravada na terça (22), quando uma operação liderada pelo Ministério Público fluminense mirou o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, suspeito de liderar uma milícia e um grupo de extermínio na zona oeste do Rio.

O gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio empregou a mulher e a mãe do ex-PM quando ele já era investigado, e o senador eleito jogou a responsabilidade sobre Queiroz pelas indicações. Para um general ouvido pela reportagem, isso tornou rifar o primogênito dos Bolsonaros uma prioridade. Mas como fazê-lo sem envolver o presidente, essa é outra questão.

Ele afirma, no que concorda um almirante, que a mera ligação com o gabinete não implica culpa de Flávio, mas é basicamente impossível de ser respondida de forma satisfatória para a opinião pública.

Alguns setores da cúpula das Forças Armadas fizeram chegar ao núcleo militar do Planalto a sugestão de que Flávio não assumisse a cadeira no Senado, em fevereiro. Isso poderia, para eles, evitar a contaminação do debate legislativo pelo caso.

O temor é menos por efeitos objetivos, já que Comissões Parlamentares de Inquérito geralmente acabam em nada, mas pela necessidade de estabelecer um toma lá dá cá logo de saída para garantir a tramitação das reformas econômicas que serão propostas pelo governo Bolsonaro.

Um defensor dessa tese disse que o preço a pagar, no caso de a situação de Flávio se agravar, será um maior distanciamento das Forças Armadas do governo.

Um membro do grupo militar no Planalto desconsidera a hipótese, por considerar que equivaleria a uma confissão de culpa. Se ela acontecesse, ele perderia a prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal que reclamou e ganhou em decisão provisória na semana passada, travando as investigações, movimento que disparou o estágio atual da crise.

Se Flávio desistisse do cargo, assumiria sua cadeira o suplente Paulo Marinho, empresário que ajudou a articular a candidatura presidencial de Bolsonaro.

O temor dos militares com o caso também passa pela incerteza em relação ao que ainda pode vir pela frente. Agora, chegou ao mundo das milícias, organizações formadas por policiais e ex-policiais que ocuparam espaços deixados pelo tráfico em favelas, cobrando por proteção e serviços aos moradores.

No caso específico da investigação sobre o ex-capitão Nóbrega, há um agravante político. O grupo de execuções extrajudiciais ao qual estaria ligado, o Escritório do Crime, é suspeito de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.

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