Sábado, 30 de novembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
27°
Mostly Cloudy

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Política Sob pressão, ministra da Saúde destrava verbas e faz acenos à oposição

Compartilhe esta notícia:

Nisia tem se desgastado nos últimos meses com crises sanitárias e críticas internas pela falta de traquejo político. (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

Mantida no cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a despeito das pressões do Centrão, e aconselhada a se fortalecer politicamente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destravou nos últimos dias o envio de verbas a bases eleitorais de parlamentares e ampliou o diálogo com integrantes da oposição. Desde a última quarta-feira (28), R$ 677 milhões foram distribuídos a Estados e municípios que atenderam a critérios estabelecidos pela pasta.

Os recursos são provenientes do extinto orçamento secreto e, até então, ainda não haviam sido liberados, o que vinha gerando reclamações de congressistas. Em paralelo, Nísia já se reuniu com quadros do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e fez elogios ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), outro opositor do chefe do Executivo federal.

A mudança na atuação, dedicando mais espaço à política, vem na esteira de apelos feitos por integrantes do próprio governo, mas também das investidas do Centrão. Esse grupo político planejava aproveitar a iminente troca no Ministério do Turismo para ampliar a dança das cadeiras e conquistar mais espaço no primeiro escalão.

A maior parte da verba distribuída desde a semana passada, R$ 197,6 milhões, foi encaminhada para Alagoas, Estado de caciques do Congresso, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). A necessidade de melhorar a articulação, acelerando a partilha de recursos e atendendo mais parlamentares, já foi vocalizada por Lula.

Tanto o petista quanto Lira, contudo, negaram publicamente que tenha existido um pedido para Nísia ser substituída, mas no entorno do parlamentar havia quem externasse o desejo de mudança. O presidente e ministros, no entanto, vieram a público assegurar a continuidade dela no cargo. De lá para cá, o Planalto agiu para fortalecer Nísia.

Nessa quarta (5), Lula esteve ao lado dela na Conferência Nacional de Saúde, em Brasília. Na terça (4), o titular das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reiterou a manutenção, mas deu o tom: não basta ser um nome técnico, é necessário abraçar a política.

“A ministra Nísia é um símbolo de conhecimento da saúde pública, o que não a exime de fazer um papel de ampliação da articulação política. Acho que ela tem feito, como todos os ministros tem aprimorado cada vez mais isso”, afirmou Padilha.

Em meio à pressão, Nísia recebeu demonstrações de apoio também de parlamentares da base e da sociedade civil, como um abaixo assinado com personalidades como o médico Drauzio Varella.

A ideia no PT é fazer um “cordão de isolamento” para tentar minar os interesses do Centrão em assumir a pasta. O comando da recriada Fundação Nacional de Saúde (Funasa) também vem sendo negociado com o PP, com o intuito de reduzir o assédio sobre a chefia do ministério.

Um dos gestos de Nísia no sentido da articulação foi em direção ao próprio Lira, com quem se reuniu em 19 de junho. Na ocasião, ela afirmou que o presidente da Câmara tratou de assuntos técnicos, como o apoio a hospitais filantrópicos de Alagoas, e disse ainda ter uma relação boa e formal com o parlamentar. A ministra acrescentou que a gestão vem procurando acabar com “distorções” no direcionamento de verbas da pasta:

“As emendas deveriam servir para fazer investimentos, não para gastos de custeio. Hoje muitos municípios dependem das emendas para cobrir a folha de pagamentos. Estamos buscando corrigir e recompor o orçamento do SUS.”

Na última sexta (30), Nísia esteve com Lula em Porto Alegre, na inauguração de novos prédios do Hospital de Clínicas. Ao tratar do tema nas redes sociais, a ministra destacou o “diálogo republicano” e fez menção ao mundo político, incluindo nomes da oposição. “Saúdo o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo leite e sua secretária de Saúde, Arita Bergman, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e toda a bancada federal do Estado”, escreveu.

Reuniões com partidos como o PL, de Bolsonaro, também passaram a fazer parte da agenda. Ela tem, em média, 15 encontros por mês com a participação de parlamentares. Em maio, não chegou a receber congressistas de legendas de fora da base, mas, em junho esteve em ao menos quatro eventos com representantes do PP e do PL, incluindo o líder da sigla na Câmara, Altineu Côrtes (RJ).

“Ela tem uma visão macro do sistema de saúde, um bom orçamento e um time de secretários com conhecimento técnico”, elogiou o deputado Zé Vitor (PL-MG), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, que tratou o maior fluxo de liberação de recursos como uma consequência “natural”.

tags: em foco

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Lula demite o presidente do INSS após suspeita de “farra de passagens”
Publicada nas redes sociais, foto de Bolsonaro sem camisa deixa a cúpula de seu partido furiosa
https://www.osul.com.br/sob-pressao-ministra-da-saude-destrava-verbas-e-faz-acenos-a-oposicao/ Sob pressão, ministra da Saúde destrava verbas e faz acenos à oposição 2023-07-05
Deixe seu comentário
Pode te interessar