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Colunistas Sobre a empatia

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Costuma-se dizer que somos o resultado das escolhas que fazemos. Isso é verdade, mas só em parte.

Para uma parcela expressiva de indivíduos a sorte e o destino será o resultado da falta de escolhas: nas encruzilhadas comuns da vida, sem maiores alternativas, seguem pelo caminho que estava à mão, nem sempre o melhor.

Assim, se você nascer em um lar bem estruturado, com os seus dramas corriqueiros, porém onde se tenha o abrigo, a comida, a roupa, a atenção e o carinho dos pais, a sua vida tenderá a seguir uma trajetória normal, com boas chances de ser um cidadão produtivo, um bom chefe de família, convivendo em paz na comunidade.

Se entretanto nascer e for criado no bairro distante, na moradia precária, onde impera a violência e o pai chega alcoolizado, e ao qual falta uma qualificação profissional, é bastante provável que a vida será marcada pelas carências e dificuldades, senão pelo sofrimento.

Ninguém pede para nascer, nem onde, nem a que classe social, gênero e cor da pele vai pertencer. E tudo de alguma maneira afetará o futuro daquele ser, condenando-as, comumente, a uma existência sem horizonte e sem esperança.

Nem sempre as coisas se passam assim, Há filhos de famílias bem constituídas, criados no conforto dos bem nascidos e providos, que desperdiçam a vida nas drogas, nas experiências daninhas, na delinquência até.

E na outra ponta, muitos daqueles que vêm das comunidades pobres, sem oportunidades, conseguem pela via do esforço, da persistência, e sabe-se lá mais como, superar a precariedade de suas vidas e ingressar no universo algo restrito do trabalho honrado e compensador, de uma vida virtuosa e produtiva. Essas são as pessoas que eu particularmente mais admiro.

Essas considerações deveriam constar do nosso currículo mínimo de conhecimento e sensibilidade,

especialmente dos que se aquecem na lareira dos contentes. Uma parte relevante deles, com o ego inflado e com excesso de autoestima, atravessam a vida pensando que se dão bem unicamente por causa dos seus méritos.

Méritos todos de alguma forma têm. Mas “vencer na vida” sempre dependerá muito do lugar de nascimento, do lar que se teve, da escola, de gênero, cor de pele, e até da orientação sexual.

Nós, do coro dos felizes e bem sucedidos – eu me incluo nisso – deveríamos refletir que poderíamos ter nascido no interior do Maranhão, o mais pobre estado brasileiro, de pais agricultores na terra árida, crescidos em uma casa de sapé no meio do sertão, sem escolas próximas, às vezes sem água e sem comida.

Quem acredita em Deus deveria agradecê-lo todos os dias pela graça de uma vida decente. E mais do que agradecer em oração, devemos fazê-lo concretamente, a começar pela empatia com os nossos semelhantes pobres.

Não, não pode ser como aquela deputada catarinense – não me representa – que me constrange e envergonha, que faz a comparação dos benefícios de Bolsas Família e carteiras assinadas do Maranhão com os números de Santa Catarina, mal disfarçando o sentimento depreciativo e o preconceito. Ela é do tipo de gente que eu abomino.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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