O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou sobre as declarações do antecessor dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que disse que a vitória de Donald Trump representa um “passo importantíssimo” para ele voltar ao Palácio do Planalto em 2027.
“O Bolsonaro era presidente e eu o derrotei. Se ele tava apoiando o Trump, ele não tem voto nos Estados Unidos e o Trump não teria ganho as eleições”, disse o petista à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, em entrevista que foi ao ar na última sexta-feira (8).
Lula disse querer manter uma “relação de respeito” com Trump. “Se nós estabelecermos essa linha de comportamento, de civilidade, de respeito, o resto fica tudo muito mais fácil”, declarou.
2026
Em 2023, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado à inelegibilidade até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No entanto, com a vitória de Trump nos EUA, os ânimos do ex-presidente e de aliados foram renovados. A avaliação deles é que a volta do republicano à Casa Branca fortalece a direita no mundo e poderia influenciar nos rumos da política no Brasil.
“Talvez, em breve, Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós. Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino”, disse Bolsonaro durante a madrugada de quarta-feira (6), antes da confirmação oficial da vitória de Trump.
Na entrevista à CNN Internacional, Lula disse que só vai “pensar sobre 2026 em 2026” e não confirmou que tentará a reeleição daqui a dois anos.
“2026 eu vou deixar para pensar em 2026. Tem vários partidos que me apoiam, e eu vou discutir isso (reeleição) com muita sobriedade e seriedade”, afirmou Lula.
Questionado sobre sua idade – Lula tem, hoje, 79 anos; em um novo mandato, ao chegar em 2030, teria 85 –, o presidente disse que “governar não é como jogar futebol”.
“Governar não é como praticar esportes. Não é o problema da juventude que vai resolver os problemas da governança. O que vai resolver o problema da governança é a competência do governante, o compromisso, a cabeça, a saúde [do governante]”, afirmou.
“Se chegar na hora e os partidos entenderam que não há outro candidato para enfrentar uma pessoa de extrema-direita – que seja negacionista, que não acredita na medicina e na ciência -, obviamente, estarei pronto para enfrentar”, acrescentou.
Lula, porém, disse que “espera que isso não seja necessário” e que novos candidatos surjam para promover uma “grande renovação política” no País.