Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Ali Klemt | 23 de abril de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O caso Preta Gil escancarou um problema real que atinge centenas de mulheres: o abandono pelo cônjuge após o diagnóstico de câncer. Preta descobriu que o seu marido a traía com a stylist, enquanto ela trata um câncer no intestino. Ou seja, não basta toda a dor física e emocional com a qual a artista tem que se confrontar diante da doença, ainda precisa lidar com uma separação por ter sido trocada por outra mulher. Que barra!
O fato trouxe à tona números alarmantes: 70% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama são abandonadas! A-ban-do-na-das. No que talvez seja o pior momento de suas vidas, aquele a quem julgavam seu “companheiro” as deixa à deriva. Ou seja, de “companheiro” não tinham nada!
É comum que a primeira reação seja “tá, mas e mulheres não abandonam os homens também?”. Sim, mas em percentual muito menor. Segundo estudo das universidades de Stanford e Utah e pelo Centro de Pesquisa Seatle Cancer Care Alliance, nos Estados Unidos, mulheres com esclerose múltipla tem seis vezes mais chance de serem deixadas, em comparação com os homens.
Eu já vinha acompanhando esse cenário, de longe, desde o relato do conhecido consultor de imagem masculina Alexandre Taleb. Eu o entrevistei, no ano passado, para o programa Aliadas com Ali Klemt. O tema era a importância da imagem pessoal, mas, lá pelas tantas, ele não se aguentou e fez um desabafo: abriu o coração e contou sobre o período de tratamento do câncer de sua esposa, e declarou uma enorme indignação com a quantidade de homens que deixam as suas esposas doentes. À época, essa manifestação autêntica sobre uma situação tão cruel repercutiu, e eu passei a receber inúmeros relatos de mulheres abandonadas. É de cortar o coração.
É triste que precisemos de uma enorme fofoca nacional para abordar de forma séria esse cenário. Porém, vocês já me conhecem – sou uma espécie de Pollyanna, tudo tem um lado bom. É hora de avaliar esse comportamento de muitos homens que ainda assumem relacionamentos por conta do que a mulher tem a lhe oferecer – não por dinheiro, mas por conforto. Ter uma mulher em casa para lhe prover carinho, casa, comida e roupa lavada. Uma mulher esperando com a garantia de sexo quando quiser. Uma mulher para ser sua companhia em eventos sociais e para fazer o supermercado. Uma mulher para, enfim, segurar as broncas do dia a dia e garantir a falsa ideia de um lar – falsa porque, claramente, esse homem não entendeu o “x” da questão, no que tange a relacionamentos verdadeiros. Porque é diante de um problema verdadeiro que se mostra quem está contigo. Quem luta pelo seu time. É aquele famoso diálogo do escritor Ernst Hemingway:
– “Quem estará nas trincheiras ao teu lado?”
– “E isso importa?”
– “Mais do que a própria guerra”.
Como tudo na vida, o que não nos mata, nos faz mais forte. E eu tenho certeza que, para todas essas mulheres, “perder” seu homem não foi perda alguma: foi livramento!
Talvez seja um período escuro, mas a luz virá – felizmente, hoje, a tecnologia e a ciência garantem tratamentos eficientes contra muitas doenças. E essas mulheres sairão dessa com saúde e com ainda mais sabedoria, depois de lidar com tanta dor. A luz no fim do túnel existe, e estará lá, iluminando os seus caminhos.
(Para finalizar, lembrem-se: façam seus exames preventivos.)
Ali Klemt
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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