Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de janeiro de 2025
Keleti foi cinco vezes campeã olímpica.
Foto: ReproduçãoA ginasta húngara Agnes Keleti, uma das figuras mais notáveis da história do esporte mundial, faleceu aos 103 anos nessa quinta-feira (2), conforme informado pelo Comitê Olímpico Húngaro (HOC). Ela foi uma das sobreviventes do Holocausto, e sua trajetória como atleta e sua extraordinária resiliência a tornaram um símbolo de superação e determinação. Keleti foi cinco vezes campeã olímpica e detinha o título de mais velha medalhista de ouro olímpica viva do mundo.
De acordo com a agência estatal de notícias da Hungria, Agnes Keleti faleceu em um hospital de Budapeste, onde estava internada desde 25 de dezembro devido a complicações de pneumonia. Ela estava em estado crítico desde então, após lutar contra a doença durante o período festivo. Nascida como Agnes Klein em Budapeste no dia 9 de janeiro de 1921, a ginasta iniciou sua trajetória esportiva cedo. Ela ingressou na Associação Nacional de Ginástica da Hungria em 1938 e, em 1940, conquistou seu primeiro campeonato nacional. No entanto, sua carreira foi interrompida abruptamente devido à perseguição nazista. No mesmo ano de 1940, ela foi banida de todas as atividades esportivas por causa de sua origem judaica.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) ressaltou que a vida e a carreira de Keleti foram profundamente marcadas pela política de seu país e pela sua religião. O COI ainda destacou que, durante a Segunda Guerra Mundial, Keleti teve que escapar da deportação para os campos de extermínio nazistas. Ela se refugiou em uma vila ao sul de Budapeste, onde viveu com documentos falsos, conseguindo escapar da morte que vitimou tantos judeus húngaros. Infelizmente, seu pai e vários parentes foram mortos no campo de concentração de Auschwitz, um evento que marcou sua vida de forma indelével.
Após a guerra, Keleti deu continuidade à sua carreira como ginasta, e sua grandeza esportiva foi consolidada de maneira ainda mais impressionante aos 31 anos, quando ela conquistou sua primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952. Aos 31 anos, uma idade em que muitas ginastas já estavam aposentadas, Keleti se destacou ao alcançar o topo do pódio. Quatro anos depois, ela brilhou nos Jogos Olímpicos de Melbourne, em 1956, onde conquistou quatro medalhas de ouro, tornando-se a ginasta mais velha da história a ganhar uma medalha olímpica de ouro, um feito recorde para a época.
Em 1957, Keleti se estabeleceu em Israel, onde construiu uma nova vida. Ela se casou e teve dois filhos, mas continuou sendo uma inspiração para a ginástica mundial, com uma carreira repleta de conquistas e reconhecimento. Com um total de 10 medalhas olímpicas, incluindo cinco de ouro, Keleti se consolidou como a segunda atleta húngara mais bem-sucedida de todos os tempos, ficando atrás apenas de uma lenda do esporte húngaro.
Além de seu sucesso olímpico, Keleti recebeu múltiplas condecorações do Estado húngaro, reconhecendo sua contribuição inestimável ao esporte. Seu legado transcende as pistas de ginástica, representando a luta pela sobrevivência, a superação de adversidades inimagináveis e a excelência em sua modalidade.