Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2024
No entanto, o uso da tecnologia pode ser positivo quando visto como um complemento ao presencial.
Foto: ReproduçãoCom a popularização dos aplicativos de encontros, milhões de pessoas passaram a buscar relacionamentos casuais de maneira prática e rápida, ao alcance de um clique. No entanto, a promessa de conexões fáceis e imediatas nem sempre se cumpre. Encontros que não evoluem, mensagens ignoradas e pessoas que desaparecem sem explicação são alguns dos comportamentos que transformaram a experiência virtual em um verdadeiro desafio emocional.
Diante desse cenário, alguns solteiros têm buscado alternativas para encontrar um par. Em Madri, na Espanha, uma nova moda viralizou: ao invés de deslizar para a esquerda ou direita nas telas dos celulares, o local escolhido para flertar é o supermercado.
A tendência, que começou como uma brincadeira, se espalhou nas redes sociais e ganhou adeptos. O “horário nobre” para tentar a sorte é entre 19h e 20h, e a sinalização é clara: carregar uma chave na mão e colocar um abacaxi de ponta cabeça no carrinho de compras são os sinais de quem está aberto a novas possibilidades.
Enquanto alguns optam por novas formas de paquera, outros ainda preferem o encontro presencial como maneira de construir relacionamentos mais profundos.
Contato
A psicóloga Marcelle Alfinito destaca que o contato presencial promove um tipo de socialização que envolve “vulnerabilidade e espontaneidade”, aspectos que muitas vezes não são totalmente replicados nas interações digitais. “O digital faz as pessoas ficarem mais presas à questão da imagem e voltadas mais para suas questões internas do que no manejo das habilidades sociais”, explica Marcelle.
Para a psicóloga, ao se conhecer alguém em um ambiente físico, como um supermercado ou um parque, há uma ativação mais intensa da cognição e da percepção, devido ao envolvimento de todos os sentidos – visão, audição, tato – que juntos contribuem para a criação de uma experiência mais humana e tangível. Essas interações permitem a comunicação não verbal, como expressões faciais e gestos, que são essenciais para a formação de laços emocionais e para o desenvolvimento de empatia e confiança, elementos cruciais nas interações humanas.
A crescente busca por ambientes físicos como cenários de paquera, em detrimento dos aplicativos de namoro, aponta para um desejo de experiências mais autênticas e conectadas ao cotidiano. No mundo digital, o contato é mediado por telas e algoritmos, o que pode reduzir a percepção de autenticidade. “O anonimato e a distância nos aplicativos podem reduzir a autenticidade percebida nas interações, o que torna o presencial mais valioso para algumas pessoas”, acrescenta a psicóloga.
No entanto, Marcelle reforça que o uso da tecnologia pode ser positivo quando visto como um complemento ao presencial, permitindo que o digital sirva como ponto de partida, mas que o foco seja deslocado rapidamente para encontros presenciais. (O Dia)