O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que não tem “arrependimento nenhum” pela troca de afagos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana. A declaração foi dada ao canal CNN Brasil.
“Somos adversários, não podemos ser inimigos”, afirmou Tarcísio, em entrevista durante sua viagem à Europa, onde apresentou uma carteira de R$ 235 bilhões em projetos de infraestrutura para grandes empresas do setor. Segundo ele, não há “alinhamento político” e nem “uniformidade de ideias” com o petista.
“Quem me conhece, sabe que eu sou extremamente espontâneo. Não bateu arrependimento nenhum. Era um evento institucional. Se não houvesse essa parceria, esse projeto (o túnel Santos-Guarujá) não sairia do papel. O interesse do cidadão da Baixada Santista está acima de qualquer coisa.”
O governador paulista disse ter conversado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na própria sexta-feira (2), dia do evento em Santos (SP) em que assinou um acordo de cooperação e compartilhou o palco com Lula.
Ele garantiu que não houve mal-estar com seu padrinho político, de quem foi ministro da Infraestrutura entre 2019 e 2022.
“(Está) tudo em paz. Eu conversei com ele no mesmo dia. Eu e o (ex-) presidente Bolsonaro temos um excelente entendimento. É uma grande liderança, é a maior liderança de direita do país, uma pessoa que me abriu todas as portas. Tenho gratidão e lealdade. Ele entendeu que o meu papel ali era institucional. Não existe aproximação, nem alinhamento. Existe atuação republicana”, disse.
Para o governador, a discussão sobre ideias se faz no momento das eleições. “O fato de fazer um projeto em conjunto não significa alinhamento político, não significa alinhamento de ideias. Eu continuo sendo liberal, conservador, não concordo com essa visão mais estatizante. Eu sou mais iniciativa privada. Isso não tem nada a ver com participar de um evento e celebrar um acordo”.
Entenda
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas recebeu um pedido inusitado durante a cerimônia de comemoração aos 132 anos do Porto de Santos (SP).
“Volta para o PT, Tarcísio”, gritou um homem entre o público que acompanhava o evento. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro não conteve a gargalhada.
Além de celebrar o aniversário do Porto de Santos, o evento também marcou a assinatura de um termo de cooperação técnica para a execução de obras de um túnel que ligará Santos ao Guarujá (SP). A intervenção ocorreu durante o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, no momento em que o presidente relembrava o passado do chefe do Executivo paulista durante as gestões petistas.
A obra, estimada em aproximadamente R$ 6 bilhões, está inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O acordo entre Lula e Tarcísio descarta a possibilidade de a obra ser levada adiante sem a participação do governo paulista.
“Uma parceria que vai representar 50% de investimento do estado com 50% do governo federal. Uma parceria que vai deixar sua marca aqui na Baixada Santista”, afirmou o governador paulista.
Tarcísio nunca foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, mas já integrou a gestão de Dilma Rousseff. No governo da petista, ele foi nomeado para a cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Além de relembrar a passagem de Tarcísio pelo Dnit, Lula afirmou que, em seu primeiro mandato, entre 2003 e 2006, havia conhecido Tarcísio quando o então engenheiro do Exército se envolvia nas obras do gasoduto Coari-Manaus.