Domingo, 09 de fevereiro de 2025
Por Ali Klemt | 9 de fevereiro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Todos nós vamos morrer. Essa é umas das poucas – senão a única – verdade absoluta desse mundo. Somos finitos. Nossa existência nesse plano é curta e tem fim. Ponto.
Se assim é, por que temos tanta dificuldade em aceitar a morte? Entendo que o amor seja o que justifique a dor de uma perda. Porém, nos casos em que não se tem vínculo com quem se foi, o que explica a consternação diante do término? Afinal, ele é inevitável, não é?
Mais inexplicável ainda é viver a vida como se o amanhã fosse certo. Como se tivéssemos certeza de que vamos envelhecer (que benção, aliás, ficar velho!). O que leva tantas pessoas a negarem a realidade inarredável de quem em breve – seja amanhã, seja daqui a 50 anos – vamos partir. E passa rápido. Passa como um sopro.
Quanto mais anos eu vivo, quanto mais livros eu leio, quanto mais pessoas eu conheço, mais certeza eu tenho de que não acabamos nessa existência. Somos seres feitos de energia, consciência, alma, luz. Chame como for. Todas as religiosas e todas as crenças, de certa forma, falam sobre as mesmas coisas, porém, com palavras diferentes. Variações sobre o mesmo tema. Ao fim e ao cabo, sabemos que, se do pó viemos ao pó voltaremos, falamos apenas do corpo, porque o espírito segue existindo. Afinal, nada se cria completamente, tampouco se extingue completamente.
Essa certeza me acalenta. Sei que estamos aqui por um breve período, apenas. Penso que estamos aonde estamos e com quem estamos para evoluir, para desatar nós, para nos tornarmos maiores e melhores. Não apenas como seres humanos, mas como seres, enfim.
Isso não diminui a minha pressa, entretanto. Pressa de viver. De experimentar. De amar. De aprender. Pressa de ser eu, da forma mais essencial e verdadeira possível. Pressa de me maravilhar com as belezas do mundo e com os momentos da vida. Pressa, pressa. Porque o tempo corre, e ninguém sabe quando a ampulheta precisa virar.
Na mesma medida em que me confronto com a finitude da vida, também diminuo a importância de muitas, muitas coisas. Passei a escolher quais batalhas lutar. Passei e ser seletiva na escolha das pessoas que me cercam. Passei a sublimar críticas e desconsiderar problemas pequenos. Que, aliás, se são pequenos, se não forem capazes de ser lembrados daqui a um ano, sequer problemas são. Simples assim.
Simples como a vida deve ser: a busca constante pelo propósito, divertindo-se pela jornada. Pulando os obstáculos e os deixando para trás. Cultivando amor ao invés de guerra. Plantando o bem para que seja colhido além. É sobre ser feliz e deixar um legado. É sobre se fazer ser lembrado por quem foi amado.
Até que nos encontremos por aí, em outro plano, em pura existência. Não acaba aqui.
E, se assim é, por que tanto nos assustamos? Talvez o medo não seja de morrer; talvez, o medo seja de não ter vivido.
(Ali Klemt – @ali.klemt)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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