Em tempos de eleições, acaba sendo impossível acompanhar todas as propostas feitas pelos candidatos e partidos. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são 35 legendas cadastrados e mais 34 em processo de análise ou formação. Uma verdadeira “sopa de letrinhas”! Essa imensidão de siglas só alimenta a alienação política pública, visto que dificulta a tomada de decisão do eleitor.
Isso, somado à falta geral de interesse por assuntos correlacionados ao tema, apenas contribuiu para o atual retrato político no Brasil. Pergunto: será que essa quantidade de partidos é benéfica para o brasileiro? Comparando com os demais países, o Brasil é recordista, sendo o que mais tem legendas, superando inclusive França (24), Reino Unido (16) e México (10).
Um exemplo sobre o qual poucos refletem sobre a sua estrutura política é o dos Estados Unidos. Mesmo com um número relativamente alto de partidos cadastrados, apenas dois têm representatividade: o Democrata e o Republicano. Tal simplificação numeral trouxe diversos benefícios à população norte-americana, tornando claras as ideologias e propostas de ambos os lados e, mesmo assim, trazendo a pluralidade de opiniões que é tão defendida pela sociedade.
No Brasil, esse quadro é diferente. O País teve um acréscimo no número de siglas, devido a “falhas” em sua estrutura política e legislativa. Hoje, nós, pagadores de impostos, contribuímos com uma parcela da nossa renda para um fundo partidário que sustenta esses 35 partidos. Esse fundo tem a finalidade de distribuir capital para que os partidos possam se sustentar e produzir conteúdos com suas opiniões e ideologias.
Não bastando o absurdo de sustentar políticos, estamos contribuindo também para que a programação da nossa TV e rádio seja interrompida por propagandas partidárias obrigatórias, as quais entram no pacote de benefícios anuais que uma legenda recebe ao ser aprovado pelo TSE. Isso inclui, evidentemente, aqueles meros – e cômicos – segundos de certas siglas menores, visto que o fator que determina a proporção de tempo é a bancada da sigla.
Portanto, mesmo um partido de menor representatividade tem direito a esse espaço gratuito de propaganda. Tal questão também impulsionou a criação de novas agremiações políticas nos últimos anos, visto que, partidos maiores, ao terem permissão de negociar coligações com as siglas menores, aumentavam o seu espaço na mídia com a fusão.
Em suma, estamos vivendo uma bola de neve na política brasileira. Ela apenas aumenta com o passar do tempo, e, o pior de tudo, a população não tem ciência de sua formação. Isso talvez seja o mais preocupante nesse cenário, já que a população está despreocupada com a obrigatoriedade dessa contribuição.
Estamos sendo forçados a sustentar políticos! Estamos sendo forçados a pagar, cada vez mais, para recebermos conteúdo – nem um pouco construtivo – de diversos partidos! Isso não faz o menor sentindo, sabendo que, na grande maioria, eles não têm representatividade alguma e acabam sendo negociados para serem parte de grandes coligações. Precisamos de menos Estado, de menos mamata e de uma reforma política já!
Rodrigo Leke Paim, publicitário e associado do IEE