A Estação Espacial Internacional (ISS) recebeu, nessa sexta-feira (8), um impulso orbital realizado pela nave Dragon da SpaceX, marcando a primeira vez que uma empresa comercial americana executa essa manobra. A ação, realizada no âmbito da 31ª missão de reabastecimento da SpaceX, fornece dados importantes para o futuro projeto de saída de órbita da ISS, previsto para 2030. As informações são do portal Space.
A missão Dragon decolou no dia 4 de novembro e acoplou-se à ISS no dia seguinte, carregando suprimentos e equipamentos. A manobra de reboost, iniciada às 14h50 (horário de Brasília) desta sexta-feira, durou cerca de 12,5 minutos, elevando a altitude da ISS para estabilizar sua trajetória. Manutenções de órbita são essenciais para evitar a decadência orbital e, até então, a tarefa era executada por naves russas Soyuz e Progress.
A Nasa anunciou a conclusão bem-sucedida da manobra em uma postagem no X (antigo Twitter). “A Nasa e a SpaceX monitoraram as operações enquanto a nave espacial Dragon da empresa realizava sua primeira demonstração de capacidades de reativação para a Estação Espacial Internacional às 12h50 [horário do leste dos EUA] de hoje”, publicou a agência.
A inovação da SpaceX nessa função ocorre em um momento em que a Nasa se prepara para aposentar a ISS, que opera continuamente há quase 25 anos. Com base nos dados desta manobra, a agência espacial planeja desenvolver um veículo de des-boost para desativar a estação e lançá-la no Oceano Pacífico após 2030, quando o custo e o desgaste da ISS se tornarão insustentáveis.
O impulso realizado pela Dragon não é o primeiro reboost com naves americanas: em 2022, a Nasa testou uma manobra semelhante com o veículo de carga Cygnus, da Northrop Grumman. Contudo, o sucesso da SpaceX reforça a independência dos EUA em manter a ISS, mitigando a dependência histórica da parceria com a Rússia, especialmente após as tensões geopolíticas de 2022.
Desde o fim do programa do ônibus espacial em 2011 até 2020, a única forma de lançar astronautas americanos à ISS foi pela nave russa Soyuz. A Crew Dragon da SpaceX, entretanto, devolveu essa capacidade aos Estados Unidos, permitindo lançamentos de solo americano e, agora, como demonstra este reboost, contribuindo para a manutenção orbital da estação.
A Nasa prevê que a aposentadoria da ISS liberará espaço financeiro para novos projetos, como o programa Artemis e missões para o espaço profundo. Até o momento, a parceria com a Rússia para a ISS está mantida até 2030, embora o governo russo tenha afirmado o compromisso com a estação somente até 2028.
A Rússia pretende lançar uma nova estação espacial polar em 2027, mas a Nasa já se prepara para migrar suas pesquisas para estações comerciais que deverão ocupar o lugar da ISS.