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Mundo Sucesso fiscal e político de Milei na Argentina coloca desafios importantes para o Brasil, diz ex-embaixador brasileiro

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Resultados positivos podem representar um desafio para o Brasil. (Foto: Divulgação)

Em pronunciamento de fim de ano, o presidente argentino, Javier Milei, fez um balanço dos avanços na economia e na política de seu país e anunciou as novas políticas para 2025. São mudanças realmente impressionantes, levando em conta a oposição peronista e a pouca representatividade de seu partido no parlamento.

Dentre os resultados anunciados, Milei ressaltou a transformação ocorrida na economia e na política: Fim da recessão, volta do crescimento econômico, queda da inflação (1,2% em outubro), eliminação significativa do déficit fiscal e a emergência de superávit. Além disso, eliminação das emissões e saneamento da dívida pública; eliminação do déficit comercial e a obtenção de superávit.

Na política monetária, estabilização do dólar e a redução da taxa de juros; redução do risco país de mais de 1.300 para cerca de 700; grande ênfase na liberdade econômica, com 3.800 reformas institucionais; sensível redução dos 8.000 piquetes de greve; reforma do Estado, com a redução de 38 para 8 ministérios e eliminação de cem secretarias, de 34 mil cargos de funcionários públicos e redução das normas regulatórias, privilégios e subsídios.

Milei anunciou também um ambicioso programa de reformas para 2025. Medidas para manter a redução da inflação e o crescimento sustentável com a recuperação cíclica da economia; aumentar a poupança privada e continuar a reduzir o risco país; reduzir em 90% os impostos, facilitar a competição fiscal entre as províncias. Na política monetária, estabilizar a taxa de câmbio e eliminar as restrições de compra de moeda estrangeira (cepo cambiario), aumentar as reservas do Banco Central e buscar novo acordo com o FMI, liberalizar o uso de qualquer moeda para transações financeiras e comerciais, com exceção do pagamento de impostos que continuará a ser feito em peso.

No tocante ao comércio exterior, pretende aumentar as exportações e negociar com os parceiros do Mercosul a redução das tarifas, a flexibilização das regras quanto às negociações com outros parceiros para permitir entendimentos de acordo de livre comércio com os EUA. Atrair investimentos em mineração, petróleo e gás, com a redução do custo argentino; estimular avanços em tecnologia, transformando a Argentina em um hub em inteligência artificial.

Na área de energia, quer desenvolver um forte programa nuclear com novos reatores de pequeno porte; melhorar a educação; no tocante a reforma do Estado, continuar a redução de organismos e empresas estatais; descentralização e redução dos gastos públicos; medidas contra o narco-terrorismo e redução da violência com políticas anti-mafia.

Neste ano vai haver eleição para o parlamento argentino, e Milei espera aumentar o peso de seu partido para facilitar a aprovação dessas medidas. O ambiente político é complexo com as dificuldades de relacionamento entre o presidente Milei e a vice-presidente Victoria Villarruel, que ocupa a presidência do Senado.

A popularidade de Milei continua alta, apesar das dificuldades econômicas nesse primeiro ano com o alto custo dos produtos de primeira necessidade para a população.

Brasil

Caso os resultados anunciados por Milei se mantenham e se ampliem em 2025, a situação relativa da Argentina na América do Sul pode representar um grande desafio para o Brasil. Não só na comparação que será feita, levando em conta as dificuldades econômicas e fiscais no Brasil, com impacto na atração de investimentos, mas sobretudo do ponto de vista político.

Com a presidência argentina do Mercosul no primeiro semestre de 2025, o anúncio de Milei de buscar a redução da Tarifa Externa Comum, a flexibilização do artigo 1 do Tratado de Assunção que prevê a negociação coletiva, e não individual, com terceiros países, colocará um grande desafio ao Brasil para manter as regras e as negociações externas, sobretudo se os EUA – o que parece difícil – aceitarem negociar um acordo de livre comércio com Argentina. O Brasil vai aceitar negociações no âmbito do Mercosul? Como se dará o desenvolvimento do programa de expansão da capacidade nuclear argentina?

Por outro lado, o protagonismo de Milei, como um dos lideres do movimento conservador de direita e sua proximidade com Donald Trump podem criar dificuldades para o governo Lula, caso se crie uma coalizão conservadora, liderada pelos EUA, com medidas contra os governos de esquerda do continente, em especial em relação a Cuba, Venezuela e Nicarágua, com possíveis repercussões sobre o governo petista no Brasil e sobre os entendimentos relacionados com a COP 30 e o Brics. (Estadão Conteúdo)

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https://www.osul.com.br/sucesso-fiscal-e-politico-de-milei-na-argentina-coloca-desafios-importantes-para-o-brasil-diz-ex-embaixador-brasileiro/ Sucesso fiscal e político de Milei na Argentina coloca desafios importantes para o Brasil, diz ex-embaixador brasileiro 2025-01-07
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