Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2022
A Suécia lidera um movimento na União Europeia (UE) para tentar salvar o acordo comercial com o Mercosul, paralisado em meio a insatisfações com a política ambiental do governo brasileiro. Os esforços, no entanto, esbarram na oposição da França, que insiste que o tratado não deve ser implementado sem garantias “sólidas” sobre o cumprimento do Acordo de Paris.
No início deste mês, a Bloomberg informou que um grupo de pelo menos dez países prepara uma carta à Comissão Europeia defendendo o desbloqueio de pactos de livre comércio, por causa da guerra da Ucrânia. O Ministério das Relações Exteriores francês enfatizou que o acordo não será ratificado sem salvaguardas na área ambiental.
Finalizado em 2019 após duas décadas de negociações, o tratado entre os dois blocos foi celebrado como a primeira grande vitória do presidente Jair Bolsonaro na política externa. O projeto precisa receber o aval de cada um dos Parlamentos nacionais das duas regiões, mas a tramitação empacou diante da crescente repercussão na Europa da gestão ambiental em Brasília.
Em abril, os alertas de desmate na Amazônia superaram mil quilômetros quadrados e renovaram o recorde para o mês, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O documento do acordo tem um capítulo específico que prevê diretrizes ambientais, mas opositores consideram o dispositivo insuficiente. Em 2020, o Parlamento Europeu aprovou uma moção simbólica que indicava que o tratado comercial não poderia ser aprovado nas condições atuais.
Maiores chances
A assinatura do acordo comercial entre os dois blocos econômicos pode ter melhores chances de ocorrer no segundo semestre de 2023, quando a Espanha estará na presidência do bloco europeu.
Havia uma expectativa em certos setores da Comissão Europeia, o braço executivo da UE, de uma possível “janela pós-eleição” na França, depois de confirmado um novo mandato de cinco anos para Emmanuel Macron.
No entanto, o tempo é curto. Macron teve que endurecer o discurso na área
ambiental na campanha do segundo turno, para atrair o eleitorado de esquerda. E vai precisar mantê-lo para as eleições legislativas de junho no país.
Dois países favoráveis ao acordo birregional presidiram o bloco europeu no ano passado e não avançaram sobre o entendimento. Primeiro, a Alemanha, que teria eleições em seguida, com os verdes com peso importante. E depois Portugal, que também não conseguiu fazer as discussões progredirem.
A França passará a presidência rotativa do bloco europeu em julho para a República Tcheca, grande produtor automotivo. No primeiro semestre de 2023, será a vez da Suécia, também favorável ao entendimento com o Mercosul, mas que precisará das garantias adicionais do bloco do cone sul na área ambiental. E no segundo semestre do ano que vem, será a presidência da Espanha, particularmente interessada no compromisso birregional.