O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que um ambicioso projeto para construção de uma ferrovia costa a costa na América do Sul se tornou um pouco mais concreto depois que assinou um acordo de cooperação com a Suíça nesta quinta-feira (14). As informações são da agência de notícias Reuters.
O empreendimento, que deverá custar pelo menos 10 bilhões de dólares, implicará a construção de uma linha férrea de 3.750 quilômetros desde o porto de Santos, no Brasil, até Ilo, no Peru, atravessando a cordilheira dos Andes e ligando os oceanos Atlântico e Pacífico.
O governo suíço disse que fornecerá conhecimentos técnicos para o projeto sob a declaração de intenções assinada pelos dois países em Berna, capital suíça.
Morales disse que empresas alemãs também estavam interessadas na ferrovia, projeto que poderá acelerar a exportação de milho e soja para a Ásia. Os governos do Brasil, Paraguai, Uruguai e Peru também apoiam o projeto, afirmou o líder boliviano.
Um projeto semelhante, liderado pelos chineses para construir uma via do Brasil até o Peru, sem passar pela Bolívia, encontrou barreiras no final do ano passado devido a preocupações com os custos financeiros e ambientais.
“Este [mais recente] projeto reduz a distância, é mais barato e quase sem problemas ambientais”, afirmou Morales à jornalistas. “Queremos avançar rapidamente com este projeto.”
Visita
Durante a visita oficial, no último dia 5, de Evo Morales ao presidente Michel Temer, representantes dos dois países deixaram os atritos de lado e assinaram acordos para combate ao crime organizado e também um memorando sobre o corredor ferroviário bioceânico de integração.
Embora considere um golpe o impeachment de Dilma Rousseff, que levou Temer ao Planalto, Morales manteve contato por questões comerciais – o Brasil é o principal destino das exportações bolivianas, 19% do total.
Na área de segurança foi assinado um acordo de cooperação policial para prevenção e combate ao crime organizado transnacional e qualquer outra manifestação criminosa. O objetivo é estabelecer cooperação policial para prevenir e combater também crimes como terrorismo, tráfico de pessoas, de entorpecentes e de armas de fogo, roubo de veículos, lavagem de dinheiro, crimes cibernéticos e delitos comuns de fronteira.
De acordo com o Itamaraty, a visita de Morales teve ainda o objetivo de fortalecer a coordenação bilateral em temas como energia, desenvolvimento fronteiriço, integração da infraestrutura física, temas migratórios e consulares, comércio e investimentos.
O presidente boliviano vem ao Brasil também com interesses comerciais relacionados à venda de gás natural. A Bolívia quer expandir seus parceiros comerciais de gás e vender o excedente de produto que não está sendo consumido atualmente pela Petrobras, comprador do gás boliviano. A intenção já havido sido manifestada pelo país vizinho, no início do ano.