O empresário Paulo Marinho foi intimado nessa terça-feira (19) para prestar depoimento da Superintendência da PF (Polícia Federal) do Rio em um novo procedimento de investigação instaurado para apurar eventual participação de servidores no vazamento de informações sobre a Operação Furna da Onça. A intimação é para que ele vá prestar esclarecimentos e apresentar provas nesta quarta (20).
Segundo o empresário, em entrevista publicada no jornal Folha de S.Paulo no último domingo (17), o senador Flávio Bolsonaro foi informado por um delegado da PF, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça, que continha um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, então assessor de Flávio.
Por causa desse relatório, Queiroz passou a ser investigado por suspeita de operar um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Segundo o relato de Paulo Marinho, foi o próprio senador que o procurou para contar sobre o episódio do vazamento depois que o caso veio à tona em dezembro de 2018. Na ocasião, ele estava acompanhado do advogado Victor Granado Alves, seu então assessor parlamentar na Alerj.
O depoimento de Marinho ocorrerá para este procedimento. De modo independente, um outro inquérito será conduzido pela Corregedoria para verificar o vazamento e vai ouvir os delegados e policiais que participaram das investigações da operação “Furna da Onça”. A opção foi feita para dar celeridade ao caso. Entre os que serão ouvidos, está a delegada Xênia Soares, presidente do inquérito na PF, e os policiais que trabalharam na investigação.
Entre os citados por ele na reunião em que Flávio teria relatado o vazamento, apenas Marinho foi intimado. Após o seu depoimento e eventual apresentação de provas, isso será reavaliado para ouvir novos depoimentos.
Xênia Soares é delegada desde 2009 e também atuou na Operação “Cadeia Velha”, em novembro de 2017, responsável pela prisão de Jorge Picciani, então presidente da Alerj, e os deputados estaduais Paulo Melo e Edson Albertassi. Na ocasião, a “Cadeia Velha” foi comandada pelo então delegado Alexandre Ramagem.
Ramagem é atualmente diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o nome que o presidente Jair Bolsonaro queria para a direção-geral da PF. A escolha foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes depois das acusações de Sérgio Moro de que as trocas seriam uma interferência política na corporação.
A “Furna da Onça” foi uma operação que ocorreu em um desdobramento da anterior e prendeu outros dez deputados estaduais sob acusação de recebimento de propina e compra de votos no governo de Sérgio Cabral.