Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) receberam a informação de que o tenente-coronel Mauro Cid estaria passando informações sobre o andamento de processos baseados em sua delação aos investigados citados nela. Ele faria isso por meio de pombo-correio de sua confiança ligado à área jurídica. As informações são da colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo.
A imagem mostra um grupo de cinco pessoas em um ambiente interno. À esquerda, uma mulher com cabelo longo e solto, vestindo uma blusa escura com detalhes em verde. Ao centro, um homem de cabelo curto e liso, usando um terno escuro e segurando um documento. Ao fundo, outros três homens, um deles com cabelo grisalho e barba, todos vestidos formalmente. O ambiente parece ser um escritório ou sala de reuniões, com paredes de madeira e uma porta de vidro.
A informação aumentou a desconfiança de magistrados em relação a Cid. Na condição de colaborador, ele não poderia manter contato, sequer indireto, com outros investigados.
Informações sobre como cada um dos investigados estaria sendo citado por Cid, e como eram as abordagens do STF sobre os crimes, auxiliaria cada um deles a elaborar uma própria defesa para justificar atos que cometeram e que estavam sendo relatados na delação.
O acordo de colaboração de Cid esteve em risco depois da revelação de que militares teriam planejado assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes. Ele teria omitido informações, o que é proibido no acordo.
Na quinta (21), ele foi chamado a depor novamente. O ministro Alexandre de Moraes ouviu suas argumentações por três horas e decidiu manter a delação, livrando Cid de voltar para a cadeia.
Advogado
Em uma entrevista à Globonews, o advogado do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, deu declarações contraditórias sobre o depoimento do cliente dele ao STF. Cid é um dos indiciados da Polícia Federal nas investigações sobre tentativa de golpe em 2022.
O defensor Cezar Bittencourt falou ao Estúdio I, da GloboNews. Bittencourt deu declarações contraditórias sobre o depoimento do cliente ao ministro Alexandre de Moraes, na quinta-feira (21), no Supremo Tribunal Federal. Primeiro, o advogado disse que Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano para executar o próprio ministro, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin.
Na entrevista à jornalista Andréia Sadi, o advogado afirmou que Cid também confirmou que Bolsonaro era o líder dos planos golpistas.
— Sadi: Chamado ontem [21] a falar para o ministro Moraes, ele confirmou que Bolsonaro sabia desse plano de golpe de estado?
— Cezar Bittencourt: Confirmou, sim. Na verdade, o Cid tem uma linha de pensamento. A versão verdadeira dos fatos. Não tem interesse nenhum que não seja responder àquilo que a Justiça está pedindo. Ele participou como assessor, verificou e indicou, inclusive, o seu chefe, que teria a liderança desses fatos.
— Sadi: E o que o Mauro Cid diz sobre o plano de execução contra Lula, Alckmin e Moraes? Ele confirma que Bolsonaro sabia também?
— Cezar Bittencourt: Confirma que sabia, sim. Na verdade, o presidente, então, sabia tudo, aliás, comandava essa organização, tanto que ele acabou denunciado pela denúncia do Ministério Público por esses fatos.
A entrevista foi interrompida por cerca de 11 minutos por conta de um problema técnico no celular do advogado. Na volta, Cezar Bittencourt afirmou que precisava fazer uma retificação.
“Agora, uma coisa importante que eu tenho que retificar, parece que saiu uma coisa errada aí. Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o “tudo” é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande. De golpe de estado eu não sei, eu nem sei se estava em curso. O que eu sei é que havia uma turbulência, digamos, da senhora administrativa, no governo, nas possibilidades do governo, esse negócio… Claro que ele tinha conhecimento, tinha conhecimento. Agora, não era um plano de golpe. Que tipo de golpe? Isso eu não sei. Não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, tinha o interesse no acontecimento do que estava acontecendo naqueles dias, o presidente sabia”, afirma.
O relatório da Polícia Federal com o resultado das investigações sobre o inquérito vai ser enviado para Procuradoria-Geral da República na semana que vem.