O ministro Luiz Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou ao ex-ministro Geddel Vieira Lima acesso ao nome da fonte que denunciou o “bunker” onde foram encontrados R$ 51 milhões em Salvador. No mesmo despacho, o magistrado permitiu que familiares do ex-ministro da articulação política o visitem na prisão.
Preso no Complexo Penitenciário da Papuda desde setembro, Geddel solicitou, no início de novembro, informações sobre a identidade da pessoa que denunciou que o ex-ministro guardava uma fortuna em caixas e malas de um apartamento em um bairro nobre da capital baiana.
Segundo Fachin, como o pedido da defesa de Geddel para acessar as informações foi feito na fase de inquérito, caberia à PF (Polícia Federal) fornecer os dados. O ministro do STF ressaltou no despacho que os advogados do peemedebista poderão apresentar novo pedido de acesso aos dados caso Geddel venha a se tornar réu no tribunal.
Denúncia da Procuradoria Geral da República
No dia 4, a PGR (Procuradoria Geral da República) denunciou ao Supremo Geddel Vieira Lima, o irmão dele, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), e outras quatro pessoas pelo episódio do apartamento que escondia R$ 51 milhões. Os seis são acusados de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Ao denunciar o grupo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar noturno para Lúcio Vieira Lima durante os dias de trabalho e, durante as folgas, o dia inteiro. Além disso, a PGR requisitou a prisão domiciliar da mãe dos irmãos Vieira Lima, Marluce.
Caberá à Segunda Turma do STF decidir se Geddel e o irmão se tornarão réus na Lava-Jato. Além de Geddel e Lúcio Vieira Lima, a PGR também acusou formalmente outras quatro pessoas:
Marluce Vieira Lima, mãe dos irmãos Vieira Lima.
Job Ribeiro, que atuava como assessor parlamentar no gabinete de Lúcio Vieira Lima na Câmara.
Gustavo Ferraz, ex-diretor da Defesa Civil de Salvador.
Luiz Fernando Costa Filho, sócio da construtora Cosbat.
Origem do dinheiro
A procuradoria aponta como possíveis fontes dos R$ 51 milhões:
Popinas da construtora Odebrecht.
Repasses do operador financeiro Lúcio Funaro.
Desvios de políticos do PMDB.
Os procuradores da República também avaliam se uma parcela dos R$ 51 milhões corresponde à parte dos salários de assessores que, segundo a Polícia Federal, eram devolvidos aos Vieira Lima. Isso será apurado em um inquérito da Polícia Federal que investigará peculato (crime cometido por servidor público).