O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu um e-mail com uma ameaça nessa quinta-feira (14), após um ataque com explosivos deixar o autor morto na noite de quarta-feira (13). As informações são da jornalista Daniela Lima, da Globonews. O autor da mensagem à Corte citou o responsável pelo atentado em Brasília, identificado como Francisco Wanderley Luiz, e diz que há uma luta contra o tribunal, e que não haverá descanso até que o STF seja eliminado.
O episódio foi citado pelo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues. Uma foto de uma arma de fogo ao lado de dois livros religiosos acompanha o e-mail, segundo a jornalista. O e-mail foi enviado para a presidência, a ouvidoria e a área de tecnologia da informação do Supremo. Andrei Rodrigues afirma que o responsável pelas explosões de quarta-feira agiu sozinho, mas que grupos extremistas seguem ativos, tendo agido em atos similares em anos anteriores.
“Quero fazer um registro da gravidade dessa situação que nós enfrentamos ontem. Que apontam que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Não só a Polícia Federal, mas todo o sistema da Justiça Federal. Entendemos que o episódio de ontem não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações”, declarou.
Democracia
No início da sessão plenária dessa quinta-feira (14), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o atentado ocorrido no dia anterior na Praça do Três Poderes, quando um homem atirou um artefato explosivo em direção ao STF e depois detonou um segundo que causou sua morte imediata, reforça a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia.
Barroso ressaltou que o episódio de quarta-feira se soma a outros que já vinham ocorrendo no país nos últimos anos e que culminaram na invasão e na depredação das sedes dos três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. O ministro criticou a tentativa de “naturalização do absurdo”, que acaba por incentivar a reiteração desse tipo de comportamento. “Querem perdoar sem antes sequer condenar”, afirmou.
Ainda de acordo com o ministro, a gravidade do atentado é um alerta para a realidade de que persiste no Brasil a ideia de deslegitimar a democracia e suas instituições, inspirada pela intolerância, pela violência e pela desinformação. “Reforça também, e sobretudo, a necessidade de responsabilização de todos que atentem contra a democracia”, afirmou.
Para o presidente do STF, a celebração da Proclamação da República, nesta sexta-feira (15), deve ser um momento para renovar os votos e a crença nos valores republicanos. “Uma pequena revolução ética e espiritual é o que estamos precisando”, observou.
Barroso reiterou que o Tribunal continuará a cumprir com sua função de guardião da Constituição e a simbolizar os ideais democráticos do povo brasileiro e a luta permanente pela preservação da liberdade, da igualdade e da dignidade de todas as pessoas.