Mesmo passando a vida a limpo em uma autobiografia, “Senhora do meu destino”, Susana Vieira reserva um trecho do livro para não falar tudo sobre “os piores dias” de sua vida. Mas nem por isso poupa alguns detalhes sobre o que sentiu. O episódio, que ela se refere, ocorreu em 2008, com o fim do seu casamento com o ex-policial Marcelo Silva. A atriz, na época com 66 anos, descobriu uma traição pelos jornais.
“Sempre tive consciência que um amor dura o tempo que tiver que durar. Ao mesmo tempo, quando estou amando, sempre acho que vou viver com aquela pessoa a vida inteira! Não consigo começar uma relação amorosa achando que vão durar dois anos, apenas. Acordei um dia com uma traição contada pelos jornais: ‘Marido de Susana Vieira tem uma amante há meses’. Uma traição enorme, com fotos, com provas. Na mesma hora, botei Marcelo para fora de casa, e ele foi morar com a amante em um hotel na Barra”, disse Susana, que começou o relacionamento dois anos antes no carnaval, quando foi rainha de bateria da Grande Rio e se encantou “pelo tipo e olhos verdes” do ex-policial que fazia sua segurança.
Nos capítulos que seguem, a artista diz que este é o único momento da vida em que parte dessa história só ficará entre ela e a polícia. “Mas posso garantir que foram os piores dias da minha vida. Eu tive que andar escoltada e ter seguranças em minha casa dia e noite.”
Na época, a cobertura de celebridades dava novidades sobre o caso extraconjugal dia após dia. A amante, a nutricionista Fernanda Cunha, então com 24 anos, disse ter sido agredida por Marcelo depois que a traição se tornou pública. Na época, ela preferiu não prestar queixa, por receio de uma nova agressão. Menos de uma semana depois, uma reviravolta: Marcelo assumiu namoro com a amante ao vivo no programa de TV “A tarde é sua”, com direito a carinhos e beijo na boca.
Embora não descreva tanto o relacionamento, Susana decidiu relembrar o episódio na biografia para dizer como foi julgada ao se relacionar com um homem mais novo. Marcelo tinha 35 anos no início do relacionamento.
“Fui ridicularizada. Todos diziam a mesma coisa: ‘Você acha que o cara não iria te trair? E você queria que acontecesse o que com um cara bem mais novo?’. Eu me perguntava se, por um acaso, alguém com 35 anos é um jovenzinho. Ele era um homem. Era o meu marido, não um namorado. Não sou imbecil, não era uma menininha para ficar traumatizada com uma traição. Não sou mulher de segurar homem perto de mim o tempo todo. Então, quando as pessoas me perguntavam se eu não achava natural que isso acontecesse, eu respondia que não. Porque ainda acredito no ser humano. Porque não me passa pela cabeça que, quando me apaixono, a sociedade inteira está achando que aquele homem jovem está comigo para me explorar.”
Semanas depois ao término, Marcelo foi encontrado morto em um apart-hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Segundo a investigação da Polícia, o ex-policial recebeu cocaína de outros policiais e consumiu a droga por 13 horas. Durante o auge das alucinações, Marcelo correu em volta de seu Polo e chegou a lutar contra um inimigo inexistente no banco do carona do carro. A provável causa da morte, segundo o delegado Rafael Willis, da 16a. DP (Barra da Tijuca) foi overdose. Foi a terceira recaída de Marcelo Silva em 31 dias, após um período de um ano e dois meses de abstinência.
“O que mais me ofendeu e feriu foi a imprensa ter ficado contra mim. Isso foi a coisa mais absurda, abjeta, preconceituosa que já vi. Quem teve uma overdose que o levou à morte foi ele. Quem tinha uma amante era ele. E eu que viro a irresponsável por ter me casado por amor? Diziam: ‘Como você não viu isso antes?’. E por um acaso alguém conhece tanto o outro assim antes de um intenso convívio? Pois se até convivendo diariamente com alguém surpresas desagradáveis podem acontecer.”
O livro “Susana Vieira: Senhora do meu destino”, da editora Globo livros, tem lançamento previsto para o dia 7 de maio.