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Suspeita de delação premiada de general deixa militares em pânico

Dos 37 indiciados pela Polícia Federal, 25 são militares e seis são generais. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A suspeita de que um dos indiciados no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado estaria negociando um acordo de delação premiada tem gerado grande apreensão entre bolsonaristas e militares. A desconfiança que circula entre os investigados é de que o suposto delator seria um militar, mais especificamente um general, o que tem deixado a cúpula militar ainda mais alarmada.

No total, 37 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito que coloca o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro da trama golpista. Desses indiciados, 25 são militares e seis são generais. A possibilidade de que um desses generais esteja colaborando com a investigação e fornecendo informações para as autoridades federais aumentou a tensão no meio militar.

Segundo integrantes da PF envolvidos na investigação, o único delator que formalizou um acordo de colaboração premiada até agora foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. No entanto, os investigadores afirmam que, com a entrega do relatório final à Procuradoria-Geral da República (PGR), outros investigados poderão tentar negociar um acordo com o Ministério Público, o que geraria ainda mais insegurança entre os envolvidos.

No contexto da transição do governo Bolsonaro para o governo Lula, que ocorreu no final de 2022, o Ministério da Defesa foi uma das áreas mais sensíveis e de difícil negociação. Um comandante das Forças Armadas, em particular, se destacou por ter apresentado mais resistência: o almirante Almir Garnier Santos, que comandava a Marinha durante o governo anterior. Garnier não atendia aos contatos da equipe do governo Lula e, em diversas ocasiões, se recusou a atender as ligações de José Múcio Monteiro, que já havia sido nomeado como ministro da Defesa.

Com o desenrolar das investigações da PF e as revelações sobre o envolvimento de militares no plano golpista, incluindo o próprio Almir Garnier e o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, ambos indiciados, a percepção do governo Lula sobre o episódio mudou.

Na época da transição, havia uma avaliação de que existia apenas uma “má vontade” por parte dos militares. No entanto, hoje, os integrantes do governo acreditam que Garnier e outros militares demoraram a colaborar porque acreditavam que permaneceriam no poder, o que refletia a tensão e o clima de insegurança que dominava aquele momento.

O relatório final da PF sobre a tentativa de golpe revelou que a Marinha, sob o comando de Garnier, havia preparado tanques para ir às ruas e colocar o plano golpista em prática. Além disso, mensagens interceptadas pela investigação mostram que Garnier se alinhou ao projeto de ruptura institucional, sendo o único comandante das Forças Armadas a se colocar à disposição de Bolsonaro durante uma reunião para discutir uma minuta de golpe.

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