O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu a realização de um novo exame psicológico para
avaliar se a detenta Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais, está em condições de cumprir o restante da pena em liberdade. O MP quer que a presa seja submetida ao teste de Rorschach, uma técnica de avaliação psicológica capaz de expor características da personalidade da pessoa não reveladas em outros testes.
A argumentação da promotoria criminal é de que os irmãos Cravinhos, também condenados pelo
crime, foram submetidos a esse teste antes de terem autorizada a progressão para o regime
aberto.
No fim de 2017, Suzane foi submetida a exame por psicólogos e psiquiatras, a pedido da Justiça,
e o laudo concluiu que ela tinha condições de voltar a viver em sociedade. A administração da
penitenciária onde ela cumpre pena também havia atestado o bom comportamento e a disciplina da presa.
Até esta sexta-feira (2) a Vara de Execuções Criminais de Taubaté, ainda não tinha determinado o novo exame. O teste de Rorschach, amplamente aplicado em outros países, foi desenvolvido pelo psicanalista suíço Hermann Rorschach e consiste em dar respostas sobre com que se parecem dez pranchas com manchas de tintas, por isso é conhecido popularmente como “teste do borrão de tinta”.
Regime aberto
A defesa de Suzane von Richthofen pleiteia o regime aberto desde junho do ano passado. No regime mais brando, Suzane poderá deixar a prisão em Tremembé (SP) – onde é interna desde 2006 – e ficará livre. Ela deve apenas comparecer na Justiça em datas pré-determinadas. Suzane já manifestou que pretende trabalhar e estudar. Uma confecção de Angatuba (SP), onde vive o namorado da detenta, ofereceu emprego para ela e, Suzane tenta desde 2016 ingressar no curso superior de administração de empresas.
O crime cometido por Suzane foi em 2002, quando ela foi presa pela primeira vez e, desde 2006, está em Tremembé no presídio conhecido por abrigar detentas de casos de grande repercussão, como Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella Nardoni; e Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido.
A Defensoria Pública, que faz a defesa de Suzane, apontou que ela cumpriu o tempo de pena necessário para ter direito à progressão para o regime aberto – sendo um sexto da pena no semiaberto.
O pedido destaca ainda o “ótimo comportamento carcerário da sentenciada” apontado em atestado emitido na época pela direção da penitenciária. No cálculo da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), o prazo para mudança de regime seria 4 de setembro de 2019, mas a Defensoria cobrou o abatimento de 996 dias deste prazo, adquirido por meio do trabalho de costureira que a detenta exerceu na oficina no presídio. Antes, ela atuou na unidade como auxiliar de enfermaria e de copa.
Suzane Richthofen cumpre pena no regime semiaberto desde outubro de 2015. Nele, ela ja tem direito de deixar a penitenciária cinco vezes ao ano nas saídas temporárias. A última “saidinha” foi no Natal. Ela voltou à prisão no dia 3 de janeiro.