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Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2020
O ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Foto: Wilson Dias/Agência BrasilO ministro da Educação, Abraham Weintraub, deverá ser alvo de artilharia de parlamentares de vários partidos na retomada dos trabalhos do Congresso nesta segunda-feira, 3. A crise provocada pelos erros nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) levou deputados da oposição a prepararem uma ofensiva contra o ministro. O objetivo é aumentar a pressão sobre o chefe da pasta.
Integrante da Comissão de Educação, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) já solicitou nova convocação do ministro para que ele apresente explicações “de forma técnica, transparente e detalhada” tanto sobre o erro quanto sobre as providências adotadas pelo ministério.
O cronograma joga a favor de Weintraub. Os trabalhos legislativos serão reiniciados na segunda, mas as comissões temáticas, como a de educação, só voltam a se reunir no fim do mês. Para manter o tema em evidência, parlamentares da oposição não descartam tentar convocá-lo a depor no plenário ou pedir para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acelere a recomposição dos colegiados.
Na última quinta, 30, Maia atacou Weintraub publicamente ao dizer que o ministro atrapalha o Brasil e brinca com o futuro de crianças. Relator da comissão externa que produziu um diagnóstico das ações do MEC no ano passado, o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) avalia como necessária uma nova convocação de Weintraub. O Estado revelou, em novembro, que o trabalho apontou paralisia e ineficiência na pasta.
“Nosso papel agora é mostrar para a sociedade que é uma escolha do governo manter uma pessoa dessa qualidade na frente do seu ministério mais importante”, afirmou o deputado.
O governista Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) avalia que a estratégia da oposição acabará por fortalecer o ministro. “Quanto mais o tom da classe política engrossar, mais o fortalece. O estilo do presidente é ao contrário da lógica”, disse.
Rodrigo Maia
Rodrigo Maia criticou Weintraub, na quinta, em conversa com jornalistas. “O ministro da Educação atrapalha o Brasil, tem visão ideológica e brinca com o futuro de milhões de crianças”, disse o parlamentar.
Ele também citou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao falar de críticas direcionadas a ele e a Weintraub na quarta, 29. “Quanto ao Salles, eu acredito que ele radicalizou no ano passado, mas é um ministro que tem qualidade.”
Maia evitou responder se defende ou não a demissão dos ministros, ao dizer que essa é uma decisão que cabe ao presidente Jair Bolsonaro. Reiterou, em seguida, que tem uma boa relação com o Executivo no que se refere à agenda econômica.
O presidente da Câmara também não quis comentar a decisão de Bolsonaro de tirar o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) da Casa Civil e levar para o Ministério da Economia. “Não cabe ao Parlamento fazer críticas (a algo do Executivo)”, disse.
Não é a primeira vez que o presidente da Câmara critica Weintraub. Em junho, o Maia disse em entrevista ao Estado que era o próprio ministro quem estava causando a crise na área de educação, na ocasião em que contingenciou verba de universidades.
Além disso, uma comissão da Câmara – criado por Maia – apontou, em novembro, paralisia no planejamento e na execução de políticas públicas por parte da pasta da Educação. Foi a primeira vez que o Legislativo formou um grupo para averiguar o trabalho de um ministério.
A relação entre Maia e Weintraub piorou em dezembro com a exoneração do advogado Rodrigo Sergio Dias da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Dias era uma indicação do democrata que assumiu o cargo em agosto, em meio à votação da reforma da Previdência no Congresso.