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O ministro da Educação deverá ser alvo de artilharia de parlamentares de vários partidos na retomada dos trabalhos nesta semana

Weintraub disse que desejava fazer uso do direito constitucional de permanecer calado. (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, deverá ser alvo de artilharia de parlamentares de vários partidos na retomada dos trabalhos do Congresso nesta segunda-feira, 3. A crise provocada pelos erros nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) levou deputados da oposição a prepararem uma ofensiva contra o ministro. O objetivo é aumentar a pressão sobre o chefe da pasta.

Integrante da Comissão de Educação, a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) já solicitou nova convocação do ministro para que ele apresente explicações “de forma técnica, transparente e detalhada” tanto sobre o erro quanto sobre as providências adotadas pelo ministério.

O cronograma joga a favor de Weintraub. Os trabalhos legislativos serão reiniciados na segunda, mas as comissões temáticas, como a de educação, só voltam a se reunir no fim do mês. Para manter o tema em evidência, parlamentares da oposição não descartam tentar convocá-lo a depor no plenário ou pedir para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acelere a recomposição dos colegiados.

Na última quinta, 30, Maia atacou Weintraub publicamente ao dizer que o ministro atrapalha o Brasil e brinca com o futuro de crianças. Relator da comissão externa que produziu um diagnóstico das ações do MEC no ano passado, o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) avalia como necessária uma nova convocação de Weintraub. O Estado revelou, em novembro, que o trabalho apontou paralisia e ineficiência na pasta.

“Nosso papel agora é mostrar para a sociedade que é uma escolha do governo manter uma pessoa dessa qualidade na frente do seu ministério mais importante”, afirmou o deputado.

O governista Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) avalia que a estratégia da oposição acabará por fortalecer o ministro. “Quanto mais o tom da classe política engrossar, mais o fortalece. O estilo do presidente é ao contrário da lógica”, disse.

Rodrigo Maia

Rodrigo Maia criticou Weintraub, na quinta, em conversa com jornalistas. “O ministro da Educação atrapalha o Brasil, tem visão ideológica e brinca com o futuro de milhões de crianças”, disse o parlamentar.

Ele também citou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao falar de críticas direcionadas a ele e a Weintraub na quarta, 29. “Quanto ao Salles, eu acredito que ele radicalizou no ano passado, mas é um ministro que tem qualidade.”

Maia evitou responder se defende ou não a demissão dos ministros, ao dizer que essa é uma decisão que cabe ao presidente Jair Bolsonaro. Reiterou, em seguida, que tem uma boa relação com o Executivo no que se refere à agenda econômica.

O presidente da Câmara também não quis comentar a decisão de Bolsonaro de tirar o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) da Casa Civil e levar para o Ministério da Economia. “Não cabe ao Parlamento fazer críticas (a algo do Executivo)”, disse.

Não é a primeira vez que o presidente da Câmara critica Weintraub. Em junho, o Maia disse em entrevista ao Estado que era o próprio ministro quem estava causando a crise na área de educação, na ocasião em que contingenciou verba de universidades.

Além disso, uma comissão da Câmara – criado por Maia – apontou, em novembro, paralisia no planejamento e na execução de políticas públicas por parte da pasta da Educação. Foi a primeira vez que o Legislativo formou um grupo para averiguar o trabalho de um ministério.

A relação entre Maia e Weintraub piorou em dezembro com a exoneração do advogado Rodrigo Sergio Dias da presidência do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Dias era uma indicação do democrata que assumiu o cargo em agosto, em meio à votação da reforma da Previdência no Congresso.

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