Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de dezembro de 2022
A proibição foi a mais recente medida restritiva dos novos governantes do Afeganistão contra os direitos e liberdades das mulheres
Foto: ReproduçãoO governo do Talibã ordenou neste sábado (24), que todos as organizações não-governamentais estrangeiras e domésticas no Afeganistão suspendessem o emprego de mulheres, supostamente porque algumas funcionárias não usavam o lenço islâmico corretamente. A proibição foi a mais recente medida restritiva dos novos governantes do Afeganistão contra os direitos e liberdades das mulheres.
A ordem veio em uma carta do ministro da Economia, Qari Din Mohammed Hanif, que disse que qualquer ONG que não cumprir a ordem terá sua licença de operação revogada no Afeganistão. O conteúdo da carta foi confirmado pelo porta-voz do ministério, Abdul Rahman Habib.
O ministério disse ter recebido sérias reclamações sobre funcionárias de ONGs que não usavam o hijab “corretamente”. Não ficou imediatamente claro se a ordem se aplica a todas as mulheres ou apenas às mulheres afegãs que trabalham nas ONGs.
Mais detalhes não estavam imediatamente disponíveis sobre a última proibição do Talibã em meio a preocupações de que poderia ser um trampolim para medidas mais restritivas contra as mulheres no país.
Também no sábado, as forças de segurança do Taleban usaram um canhão de água para dispersar mulheres que protestavam contra a proibição de educação universitária na cidade ocidental de Herat, disseram testemunhas oculares. Os governantes do Talibã proibiram na terça-feira as estudantes mulheres de frequentar as universidades com efeito imediato.
Desde então, as mulheres afegãs se manifestaram nas principais cidades contra a proibição, um raro sinal de protesto doméstico desde que o Talibã tomou o poder no ano passado. A decisão também causou indignação e oposição no Afeganistão e além.
De acordo com testemunhas oculares em Herat, cerca de duas dúzias de mulheres se dirigiam à casa do governador da província no sábado para protestar contra a proibição, cantando: “Educação é nosso direito”, quando foram rechaçadas pelas forças de segurança que dispararam canhões de água.
O vídeo compartilhado com a AP mostra as mulheres gritando e se escondendo em uma rua lateral para escapar do canhão de água. Elas então retomam seu protesto, com gritos de “Vergonhoso!”
Uma das organizadoras do protesto, Maryam, disse que entre 100 e 150 mulheres participaram do protesto, movendo-se em pequenos grupos de diferentes partes da cidade em direção a um ponto de encontro central. Ela não deu o sobrenome por medo de represálias.
“Havia segurança em todas as ruas, em todas as praças, veículos blindados e homens armados”, disse ela. “Quando começamos nosso protesto, no Parque Tariqi, o Talibã pegou galhos das árvores e nos espancou. Mas continuamos nosso protesto. Eles aumentaram sua presença de segurança. Por volta das 11h eles trouxeram o canhão de água.”