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“Também não tenho apego ao cargo, mas Moro não sai”, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro. (Foto: Carolina Antunes/PR)

Horas depois de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, ter dito que não tem apego ao cargo e, se cometeu irregularidade, deixaria o Ministério, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa enfática do ex-juiz da Operação Lava-Jato. “Eu também não tenho apego ao meu cargo. O ministro é livre para tomar as decisões que bem entender. O Sérgio Moro é patrimônio nacional e, se depender de mim, não sai”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em entrevista coletiva, após solenidade militar de formatura de sargentos da Aeronáutica, em Guaratinguetá, interior de São Paulo, ele disse que, “até agora”, não viu nada de mais nas conversas atribuídas a Moro, vazadas para o The Intercept Brasil. Questionado se poderia demitir Moro como fez com o presidente do BNDES, Joaquim Levy, ele disse que não demitiu Levy, mas foi ele quem pediu para sair. “Não posso casar pensando em separar um dia. Não vi nada de anormal até agora (nas conversas de Moro). Querem tentar me atingir atacando quem está do meu lado. O Sérgio Moro é patrimônio, podem procurar outro alvo porque esse já era. Ele fica.”

Sem mencionar nomes, Bolsonaro usou de ironia e tentou desqualificar a equipe do The Intercept Brasil. “Aquele casal, um deles esteve detido na Inglaterra por espionagem. Um tem suspeita de vender o mandato, não sei. A outra, menina, namorada, está fora do Brasil. Querem só desestabilizar aqui.”

Lista tríplice

O presidente comentou a lista tríplice definida pelos procuradores para a Procuradoria-Geral da República (PGR), mas disse que ainda não tomou uma decisão e demonstrou não ter pressa na definição. “Vou estudar e seguir a Constituição”, disse.

Bolsonaro também comentou a derrota no Senado, que aprovou na terça-feira o parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pede a suspensão dos decretos que facilitaram o porte de armas. “Tenho certeza que não extrapolei a lei. Perdemos no Senado, mas vamos ganhar na Câmara. Eu quero armar o cidadão de bem. É um legítimo direito dele. Não é compromisso de campanha meu, é o povo que quer isso. Hoje o malandro entra, faz barbaridade na casa do cidadão de bem e fica por isso mesmo. Tem gente que é antiarmamentista, eu lamento.”

Reforma da Previdência

Sobre a reforma da Previdência, Bolsonaro admitiu que dificilmente vai passar o texto como ele chegou do Executivo. “O Legislativo tem autonomia para fazer mudanças. Como é proposta de emenda da constituição é o Congresso que vai promulgar e não eu. O Congresso tem autonomia para mudar.”

Ao comentar a decisão do relator de deixar Estados e Municípios fora da reforma, ele disse que não tem comando sobre o parlamento. “E nem sempre (o comando) é dos presidentes das casas, mas sim dos líderes partidários, eles que decidem. Eles sabem a hora certa de colocar no plenário. Tem governador que quer que aprove a reforma da previdência, mas sua bancada vai votar contra. A tendência que estou vendo é deixar de fora Estados e Municípios. Eu vou resolver a questão do União e o governador depois faz a dele. A maioria dos Estados está quebrada, seria bom que eles embarcassem conosco nesse barco, mas eles não querem ter desgastes.”

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