O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 33 pessoas “não faz sentido nenhum”. “É uma questão de revanchismo, uma forçação de barra”, disse o republicano em agenda no município de Mogi das Cruzes. Tarcísio é aliado de Bolsonaro, foi ministro de governo e se elegeu governador com o apoio do ex-presidente.
“Deixe as paixões de lado, desconsidere o fato de você gostar ou não da pessoa. Vamos para as evidências. Nada do que é apresentado mostra alguma conexão ou relação”, continuou Tarcísio. “Está se criando uma maneira de se responsabilizar pessoas que não têm responsabilidade.”
O chefe do Executivo paulista também afirmou que não há nada de “responsabilidade objetiva” nos áudios de integrantes das Forças Armadas. As mensagens sonoras obtidas pela Polícia Federal e exibidas pela TV Globo no último domingo, 23, mostram discussões de militares de alta patente acerca da tentativa de golpe de Estado.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, analisou as provas reunidas pela PF durante três meses e concluiu que Bolsonaro não apenas tinha conhecimento do plano golpista, como também liderou as articulações. Em caso de condenação, o ex-presidente pode ter que cumprir até 28 anos de prisão.
Entre os denunciados estão o ex-candidato a vice-presidente na chapa bolsonarista Walter Souza Braga Netto, já preso, e o ex-diretor geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal, Alexandre Ramagem.
Protesto no Rio
Em outra frente, o ex-secretário de Comunicação Social do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, afirmou no X (antigo Twitter) que havia ordem “expressa” do ex-presidente para que os esforços da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fossem centrados em um protesto no Rio de Janeiro.
Nessa quarta-feira, 26, porém, Malafaia divulgou um comunicado convocando apoiadores do ex-presidente para a Avenida Paulista. Mas na nova data. Em vídeo ao lado de aliados, compartilhado pelo pastor, o ex-presidente diz: “A nossa pauta: anistia e liberdade de expressão. Até lá, se Deus quiser”.
A anistia defendida por Bolsonaro se refere aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Há projetos na Câmara e no Senado para perdoar condenações criminais de vândalos que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A proposta mais avançada tramita na Câmara e aguarda análise de uma comissão especial, que ainda não foi instalada.
Os efeitos de uma lei aprovada nesse sentido poderiam, em tese, beneficiar o ex-presidente. Ainda é incerto que eles se aplicariam ao caso de Bolsonaro, mas ele tem se mobilizado para articular uma possível aprovação.
Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito da tentativa de golpe. O ex-presidente foi denunciado por cinco crimes que, somados, podem condená-lo a condenado a mais de 43 anos de prisão, consideradas as penas máximas para cada delito e os agravantes.
Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro rebateu a denúncia da PGR chamando-a de “inepta”, “precária” e “incoerente”. Os advogados do ex-presidente também alegam que a denúncia é baseada em um acordo de colaboração “fantasioso” do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência.
A Paulista já foi o local de um protesto a favor do ex-presidente em 25 de fevereiro de 2024, duas semanas depois da deflagração da Operação Tempus Veritatis, que integrou a investigação a tentativa de golpe. Em 7 de setembro do ano passado, aliados de Bolsonaro voltaram a realizar uma manifestação no local. (Estadão Conteúdo)