O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), evitou comentar publicamente a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu padrinho político e acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Durante uma coletiva a jornalistas nessa sexta-feira (21), o governador interrompeu a entrevista no momento em que seria questionado sobre o tema. O bolsonarista participava de um evento oficial de entrega de habitações sociais na região de Embu das Artes (SP).
Durante a cerimônia, aliados o conclamaram como o próximo presidente do Brasil.
“Governador, São Paulo precisa de você, mas o Brasil precisa ainda mais de você. Pode não ser agora, mas você será o presidente do Brasil”, afirmou o ex-prefeito de Embu das Artes Ney Santos (Republicanos) e acusado de elo com a fação criminosa PCC.
A única vez em que Tarcísio se manifestou sobre o tema foi na quarta-feira (19), pelas redes sociais. Em publicação no Instagram, ele defendeu Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente “nunca se envolveu com qualquer movimento antidemocrático”.
Além de Ney Santos, outros políticos que participaram do evento, como o atual prefeito, Hugo Prado (Republicanos), e líderes populares acenaram para uma hipotética candidatura de Tarcísio ao Planalto.
“Neste momento, o Brasil precisa de alguém equilibrado, alguém que precisa de diálogo, como você, Tarcísio”, disse Prado.
Rosalvo Salgueiro, coordenador-geral do movimento Terra de Deus, Terra de Todos, pediu para que Tarcísio não esquecesse a pauta da habitação quando “alçasse outros voos”.
Oficialmente, o governador diz que não será candidato à Presidência da República em 2026. “Não serei candidato”, afirmou Tarcísio à imprensa, acrescentando que “ninguém fala por mim”.
Coletiva
Na sexta-feira, a assessoria de imprensa de Tarcísio escolheu a ordem dos repórteres que perguntariam ao governador durante a entrevista. A prioridade foi dada a repórteres locais que abordariam o tema da habitação.
Todos os outros veículos foram atendidos pelo mandatário. No momento da pergunta da Folha de São Paulo, Tarcísio interrompeu abruptamente a entrevista e deixou o local sem nem sequer ouvir o questionamento.
A reportagem iria perguntar a ele sobre a denúncia em si e se, independentemente do material apresentado pela PGR, o governador avalia que Bolsonaro deveria ser alvo de punição por todo o processo às claras de ataque às urnas e à Justiça Eleitoral e de incentivo aos acampamentos golpistas após as eleições.