Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2025
Potenciais ganhos para o Brasil, diante da nova configuração do comércio internacional, têm sido apontados por analistas.
Foto: ReproduçãoA escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo tem gerado preocupações sobre uma possível recessão global. Os mercados financeiros registraram perdas significativas, refletindo a crescente incerteza econômica. Nesse cenário, abre caminho para reduzir ritmo da inflação brasileira. A avaliação dos economistas considera que a busca dos exportadores por outros mercados tende a estimular a distribuição dos produtos no território nacional.
Com a imposição de tarifas elevadas sobre produtos chineses, os Estados Unidos podem buscar novos fornecedores para suprir sua demanda interna. O Brasil, sendo um grande exportador de commodities agrícolas como soja, milho e carne, pode ampliar sua participação no mercado americano. Além disso, produtos chineses tendem a chegar ao Brasil com preços mais baixos que o habitual, o que pode favorecer o consumidor final.
Setores como o têxtil e o de calçados também podem se beneficiar. Empresas brasileiras desses segmentos têm a oportunidade de expandir suas exportações para os EUA, aproveitando a perda de competitividade dos produtos chineses devido às altas tarifas.
Mais riscos do que ganhos
Especialistas em comércio exterior e economistas ainda analisam os impactos das mudanças para o Brasil, mas a percepção predominante é que, entre ganhos e perdas, o saldo tende a ser negativo. Isso se deve à maior incerteza global e aos riscos para o crescimento econômico mundial, fatores que impactam diretamente a atividade econômica brasileira.
A previsão de muitos economistas é que o tarifaço de Trump gere inflação nos Estados Unidos, o que pode esfriar a maior economia do mundo. Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) projeta que o aumento das tarifas americanas deve reduzir em 1% o comércio global ainda neste ano.
Por outro lado, potenciais ganhos para o Brasil, diante da nova configuração do comércio internacional, também têm sido apontados por analistas.
Os possíveis impactos positivos vão desde o aumento da competitividade de produtos brasileiros no mercado americano – frente a itens sobretaxados de outros países – até o crescimento das vendas de commodities para a China, que tende a reduzir suas compras dos Estados Unidos.
Há ainda a expectativa de que o aumento da tensão entre Estados Unidos e Europa possa impulsionar a implementação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, o que ampliaria as exportações da indústria brasileira.
No cenário macroeconômico, a desvalorização do dólar — que tem recuado globalmente desde a posse de Trump em janeiro — pode trazer alívio à inflação brasileira, ao baratear produtos importados.