Após a apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe de Estado, líderes da direita avaliam que o ex-presidente Jair Bolsonaro trabalha com a tática de esticar a corda para a disputa em 2026, o que pode tirar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), da corrida presidencial.
O plano A de Bolsonaro é se manter na disputa para ser candidato até o Judiciário rejeitar todos os recursos de inelegibilidade. Só que o timing da Justiça pode não coincidir com o prazo que governadores têm para se descompatibilizar do cargo — abril do ano eleitoral.
Bolsonaro sabe que Tarcísio não vai repetir o efeito Doria, ser desleal ao seu padrinho politico. E, por isso, pode ficar fora da disputa pois não vai se lançar com Bolsonaro interditando o debate do sucessor, sem as bençãos do ex-presidente. A família Bolsonaro tem defendido que o candidato saia da família para a vice ou cabeça de chapa.
Entrevista
O governador de São Paulo mais uma vez evitou comentar publicamente a denúncia contra o seu padrinho político e acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Durante uma coletiva a jornalistas na sexta-feira (21), o governador interrompeu a entrevista no momento em que seria questionado sobre o tema. O bolsonarista participava de um evento oficial de entrega de habitações sociais na região de Embu das Artes (SP).
“Governador, São Paulo precisa de você, mas o Brasil precisa ainda mais de você. Pode não ser agora, mas você será o presidente do Brasil”, afirmou o ex-prefeito de Embu das Artes Ney Santos (Republicanos) e acusado de elo com a fação criminosa PCC.
A única vez em que Tarcísio se manifestou sobre o tema foi na quarta-feira (19), pelas redes sociais. Em publicação no Instagram, ele defendeu Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente “nunca se envolveu com qualquer movimento antidemocrático”.
Além de Ney Santos, outros políticos que participaram do evento, como o atual prefeito, Hugo Prado (Republicanos), e líderes populares acenaram para uma hipotética candidatura de Tarcísio ao Planalto.
“Neste momento, o Brasil precisa de alguém equilibrado, alguém que precisa de diálogo, como você, Tarcísio”, disse Prado.
Rosalvo Salgueiro, coordenador-geral do movimento Terra de Deus, Terra de Todos, pediu para que Tarcísio não esquecesse a pauta da habitação quando “alçasse outros voos”.
Oficialmente, o governador diz que não será candidato à Presidência da República em 2026. “Não serei candidato”, afirmou na última semana. “Ninguém fala por mim”, completou. Com informações do blog de Andréia Sadi, do portal de notícias g1, e Folhapress.